A safra 2024/25 de cana-de-açúcar no Centro-Sul foi concluída, no final de março, com a moagem de 621,88 milhões de toneladas, uma queda de 4,98% ante as 654,45 milhões de toneladas registradas no ciclo anterior, mostram dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, divulgados nesta segunda-feira (14).
De acordo Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, “apesar da redução da moagem em comparação com a safra anterior, que já era esperada, a safra 2024/2025 registrou a segunda maior moagem na história do Centro-Sul, além de registrar um novo recorde na fabricação de etanol”.
Produtividade
No campo, a safra recém-encerrada foi marcada por queda na produtividade agrícola nos canaviais da região Centro-Sul, após o recorde de produtividade no ciclo 2023/2024. As lavouras registraram rendimento médio de 77,8 toneladas de cana por hectare colhido, com uma queda de 10,7% na comparação com o indicador apurado na safra anterior, de acordo com o levantamento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).
O estado de São Paulo, responsável por cerca de 57,5% da moagem de cana no Centro-Sul, apresentou queda de 14,3% (77,6 toneladas por hectare nesta safra versus 90,6 toneladas por hectare no ciclo anterior). Nos demais estados produtores, a queda variou de 2,7% em Goiás a 12,7% no Mato Grosso do Sul
Qualidade
A qualidade da matéria-prima colhida na safra 2024/2025, mensurada em kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar processada, registrou 141,07kg de ATR por tonelada, índice 1,33% superior ao valor apontado no último ano.
“Esse ciclo agrícola foi marcado por uma série de desafios agronômicos, operacionais e climáticos. O estresse hídrico ao longo dos meses de desenvolvimento da lavoura afetou a produtividade agrícola e a pureza do caldo da cana-de-açúcar processada, impactando o rendimento na fabricação de açúcar”, explica Luciano Rodrigues.
“No segundo semestre de 2024, ainda tivemos a ocorrência de incêndios criminosos e acidentais em várias regiões produtoras, especialmente no estado de São Paulo, que exigiram esforços das unidades produtoras para minimizar os danos causados”, completa o executivo.
Produção de açúcar e etanol
No acumulado da safra 2024/2025, a produção de açúcar totalizou 40,17 milhões de toneladas, redução de 5,31% em relação ao recorde histórico registrado no ciclo anterior (42,42 milhões de toneladas).
Luciano Rodrigues destaca que apenas 48,05% da cana-de-açúcar foi direcionada à fabricação do adoçante, sendo a maior parte da cana moída utilizada na produção de etanol. “A produção de açúcar caiu devido à menor quantidade de cana processada e, ainda, ao ligeiro aumento de 1,59 ponto percentual na proporção de matéria prima direcionada à fabricação de etanol”.
No acumulado desde o início da safra 2024/2025, a produção de etanol registrou um novo recorde histórico: a fabricação do biocombustível totalizou 34,96 bilhões de litros, crescimento de 4,06% em relação ao volume da safra anterior (recorde anterior).
Destaque para a produção de etanol de milho, que atingiu 8,19 bilhões de litros — avanço de 30,70% na comparação com igual período do ano passado — representando 23,43% da produção do renovável no Centro-Sul.
Nessa safra, foram produzidos 22,59 bilhões de litros de etanol hidratado, crescimento de 10,27% (segundo maior valor da série histórica), e 12,37 bilhões de litros de anidro, queda de 5,63%.