Fonte de energia

Embrapa Algodão testa Agave tequilana como nova fonte de etanol

Planta usada geralmente na produção de tequila pode virar uma alternativa energética sustentável no Nordeste brasileiro

Foto: Alexandre Oliveira (pesquisador Tarcísio Gondim)
Foto: Alexandre Oliveira (pesquisador Tarcísio Gondim)

Embrapa Algodão, em parceria com a Santa Anna Bioenergia (BA), divulgou os primeiros resultados de uma pesquisa que avalia o uso da Agave tequilana, planta cultivada no México para a produção de tequila, como matéria-prima para etanol, alimentação animal e sequestro de carbono no Semiárido brasileiro.

O estudo busca desenvolver cultivo sustentável de Agave e espécies afins, promovendo a transição energética, a bioeconomia regional e o uso da biomassa no semiárido.

Uso energético e potencial produtivo

A pesquisa inclui a Agave tequilana e variedades já cultivadas no Brasil, como a Agave sisalana, tradicionalmente usada na produção de fibras e materiais diversos.

Segundo a Embrapa, a indústria aproveita apenas 4% da biomassa da folha do sisal, o que mostra um alto potencial de valorização dos resíduos.

O Brasil lidera a produção mundial de sisal, com 95 mil toneladas em 2023, segundo o IBGE. A Bahia responde por 95% do total, concentrada no Território do Sisal.

A Paraíba é o segundo maior produtor, com cerca de 5 mil hectares cultivados

A proposta é transformar esse sistema em novas tecnologias de cultivo, integrando o uso da planta para bioenergia, alimentação animal e compensação de gases de efeito estufa.

A alta tolerância ao clima semiárido, uma das principais vantagens do Agave, é crucial para expandir as alternativas energéticas em áreas de baixo rendimento agrícola.

Impacto social e ambiental

Além da vertente econômica e ambiental, o projeto traz uma dimensão social importante.

“Essa inovação tecnológica pode contribuir para mitigar desigualdades regionais e enfrentar a precarização das áreas sisaleiras do Nordeste brasileiro”, afirma Tarcísio Gondim, pesquisador da Embrapa Algodão.

Segundo Gondim, o foco está no uso de plantas xerófilas com múltiplos propósitos: produção de etanol, ração para ruminantes e captura de CO₂.

Mesmo com um ciclo produtivo mais longo que o da cana-de-açúcar, o Agave se destaca pela viabilidade em áreas semiáridas, onde outras culturas não apresentam produtividade competitiva.

Próximos passos

A pesquisa integra a estratégia da Embrapa de fomentar alternativas agrícolas sustentáveis no Semiárido, fortalecer a autossuficiência energética e impulsionar a economia verde regional.

O Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa possui variedades da Agave, que vão ser testada quanto ao potencial de produção de biomassa e aplicação industrial.

A expectativa é que os resultados contribuam com a formulação de políticas públicas, parcerias com a iniciativa privada e novos modelos de negócios.