A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) apoiaram a realização de um estudo técnico-científico conduzido pela Embrapa Algodão que comprova a viabilidade do uso do torta e farelo de algodão na alimentação animal.
Os coprodutos — obtidos a partir do caroço do algodão, subproduto da separação da pluma — destacam-se pelo alto valor nutricional e potencial para reduzir custos, elevar a produtividade e fortalecer a sustentabilidade na pecuária brasileira.
Ricos em proteína bruta, fibras e lipídeos, a torta e o farelo de algodão são amplamente utilizados na formulação de rações. O estudo teve como objetivo oferecer evidências científicas que embasem decisões de compradores e formuladores de dietas.
Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa, ressaltou que o aproveitamento integral da cadeia do algodão é uma força da cotonicultura brasileira, destacando os benefícios econômicos e sustentáveis desses coprodutos.
A pesquisa analisou cerca de 150 estudos ao longo de um ano, em resposta a dúvidas sobre a segurança e eficiência do uso de subprodutos do algodão. João Paulo Saraiva Morais, pesquisador da Embrapa Algodão, afirmou que o relatório comprova que os ingredientes são seguros e eficientes quando usados corretamente.
Com o crescimento da produção nacional, a Abrapa estima para a safra 2024/2025 uma produção de 5.067.049 toneladas de caroço de algodão, gerando torta e farelo de algodão com até 55% de proteína bruta.
Esses produtos surgem como alternativas ao milho e ao farelo de soja, especialmente em dietas para bovinos, ovinos e caprinos, contribuindo para o ganho de peso, aumento da produção de leite e redução de custos com alimentação — que representam cerca de 70% das despesas em sistemas pecuários intensivos.
Além dos benefícios econômicos, o uso desses coprodutos reduz o desperdício, amplia o aproveitamento da biomassa e diminui a competição com alimentos destinados ao consumo humano. O estudo alerta, contudo, para o uso responsável devido ao gossipol, recomendando o respeito às orientações técnicas para garantir a segurança animal.