
Uma pesquisa conduzida na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) se dedicou em entender a transformação de dois resíduos da indústria sucroalcooleira — vinhaça e melaço — em uma nova fonte de energia limpa: o bio-hidrogênio. O estudo foi desenvolvido ao longo de dois anos com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), por meio do programa de fixação de jovens doutores, em parceria com o CNPq.
Sob a coordenação do professor Eduardo Lucena, doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento, e com execução da pesquisadora Fernanda Peiter, o projeto utilizou um reator anaeróbio automatizado, capaz de monitorar em tempo real variáveis como temperatura, pH e sólidos, otimizando o processo de digestão anaeróbia. A inovação tecnológica também permitiu o uso de inteligência artificial para modelar o funcionamento do sistema e prever cenários operacionais.
Segundo Fernanda, o objetivo era propor uma solução viável para o aproveitamento energético da vinhaça, um subproduto gerado em grandes volumes e com alto potencial poluidor. “A vinhaça é um efluente de alto volume e com grande potencial poluidor. Quando conseguimos transformá-la em bioenergia, resolvemos dois problemas: o do descarte e o da geração energética limpa”, afirmou Fernanda.
Aém disso, o professor Lucena afirma que o projeto vai além da inovação acadêmica: “A ideia é acoplar o sistema de produção de hidrogênio para enriquecer esse biogás, formando o chamado biohitano, que tem maior poder de combustão e pode ser usado em turbinas ou motores de geração elétrica”.
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Controle Ambiental (LCA) da Ufal e contou com a participação de estudantes da pós-graduação. A expectativa agora é de ampliar parcerias com o setor produtivo e consolidar Alagoas como referência em soluções energéticas sustentáveis.