Energia renovável

Alta produção de biomassa transforma BRS Capiaçu em alternativa para energia renovável

Capim-elefante da Embrapa se consolida como opção viável para produção de energia renovável alternativa para biocombustíveis

Capim-elefante da Embrapa se consolida como opção viável para produção de energia renovável alternativa para biocombustíveis
Foto: Rubens Neiva/Embrapa

A cultivar de capim-elefante BRS Capiaçu, desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite, tem ganhado protagonismo em pesquisas voltadas à geração de energia renovável no Brasil. Lançada há uma década como forrageira para pecuária leiteira, a planta agora desponta como alternativa viável para produção de biocombustíveis e uso em processos industriais, graças à sua alta produtividade.

Com uma média de 50 toneladas de matéria seca por hectare ao ano, a BRS Capiaçu apresenta rendimento 30% superior ao de outras cultivares. Essa característica motivou a Embrapa a desenvolver, em parceria com a empresa Ciplan/AS, um protótipo teórico para uso do capim como combustível em fornos da indústria cimenteira, substituindo o coque de petróleo, que possui origem fóssil.

Além do setor de cimento, a pesquisa com bioenergia avança em outros segmentos. Em colaboração com o projeto Biograss, que envolve o CNPq e a empresa Bioköhler, a Embrapa avalia a utilização do capim-elefante para a produção de biogás, biometano e etanol de segunda geração. Os testes ocorrem em unidade experimental em Toledo (PR), onde a cultura é co-digerida com resíduos da suinocultura.

A versatilidade da BRS Capiaçu também impressiona. Além de forrageira de alto valor nutricional — com até 10% de proteína bruta em cortes jovens —, a planta apresenta tolerância à seca e à geada, e tem baixo custo de produção, sendo até três vezes mais econômica do que milho e sorgo para silagem. Tais características já levaram à sua adoção em toda a América Latina.

Na pecuária leiteira, produtores como Victor Ventura, de Minas Gerais, relatam ganhos expressivos. Com 30 hectares da cultivar, Ventura alimenta 300 vacas e produz cerca de 9 mil litros de leite por dia, reduzindo custos e aumentando a eficiência da produção.

A Embrapa destaca que a cultivar é resultado de mais de 15 anos de pesquisa, com distribuição nacional por meio de uma rede de viveiristas certificados. Seu uso na economia circular e em sistemas integrados de baixa emissão reforça o papel estratégico do capim-elefante na transição energética e no desenvolvimento sustentável do agro brasileiro.