A escolha do fertilizante ideal é crucial para garantir produtividade, qualidade e sustentabilidade da lavoura e, consequentemente, do resultado financeiro do negócio agrícola. Com tantas opções no mercado, o agricultor deve inicialmente considerar condições edafoclimáticas – tipo de solo e clima predominante na região –, a cultura cultivada e as necessidades nutricionais específicas das plantas.
Mas, esta jornada começa antes, na coleta e análise do solo, processo imprescindível para que o agricultor saiba, de maneira precisa, a necessidade de nutrientes para o desenvolvimento de sua lavoura.
“Sem a análise, não há como identificar quais fertilizantes e em qual volume será necessário aplicá-los, elevando o risco de subnutrir o solo, o que comprometerá o rendimento por hectare”, afirma o professor da faculdade de engenharia agrícola da Universidade de Campinas (Unicamp), Lucas Amaral, em entrevista exclusiva ao Broto.
“A análise do solo é fundamental para que o agricultor saiba o que e o quanto aplicar no pré-plantio e durante o manejo de desenvolvimento da lavoura. E o que poucos sabem é que a análise do solo também é crucial para o planejamento da temporada seguinte“, completa o docente, explicando que, ao se ter o diagnóstico antecipado dos nutrientes presentes no solo, o agricultor consegue planejar a aquisição de insumos para o próximo ciclo, comprando nem mais, nem menos, assegurando produtividade e evitando gastos desnecessários.
Valter Casarin, coordenador geral e científico da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), pontua que os fertilizantes são nutrientes adicionados às plantas quando aqueles naturalmente presentes no solo não estão em quantidade suficiente para permitir o crescimento ideal dos vegetais. A grande maioria dos fertilizantes, explica, contém três nutrientes principais:
- Nitrogênio (N), necessário para o crescimento das plantas verdes;
- Fósforo (P), necessário para o crescimento saudável das raízes e brotos;
- Potássio (K), fortalece a resistência das plantas a doenças e pragas, mas também promove a floração, a frutificação e a rigidez do caule.
“Para prosperar, todas as plantas precisam de nitrogênio, fósforo e potássio. Uma planta morrerá se lhe faltar um ou mais destes nutrientes. Alguns fertilizantes vêm em forma líquida, enquanto outros estão em forma de grânulos”, esclarece Casarin, acrescentando que “os fertilizantes granulados têm algumas vantagens porque duram mais e são absorvidos pelas raízes e não pelas folhas. Por outro lado, os líquidos podem ser pulverizados diretamente nas folhagens e são ideais para áreas onde nutrientes adicionais são necessários”.
Casarin acentua ainda que a proporção de nutrientes de um fertilizante é indicada no verso da embalagem, com as porcentagens de potássio, fósforo e nitrogênio sendo indicadas. “Por exemplo, se o rótulo da embalagem apresentar 30-10-20, isso significa que o fertilizante contém 30% de nitrogênio, 10% de fosfato e 20% de potássio”.
De acordo com o coordenador da iniciativa NPV, os números atribuídos aos nutrientes no fertilizante representam sua concentração. “Um fertilizante com fórmula N-P-K de 20-5-5, por exemplo, contém quatro vezes mais nitrogênio do que fósforo e potássio. Esses números podem ser usados para determinar a quantidade de fertilizante a ser aplicada ao solo.”
Na avaliação do presidente do Conselho Deliberativo da Abisolo, Clorialdo Roberto Levrero, o setor de fertilizantes saltou de um foco majoritariamente químico para uma abordagem mais verde, que também considera aspectos físicos e biológicos.
“As empresas associadas à Abisolo, por exemplo, passaram a desenvolver fertilizantes especiais, biofertilizantes, organominerais e condicionadores que estimulam a microbiota e auxiliam na recuperação de áreas degradadas“, afirma Levrero
O economista Ricardo Tortorella, diretor-executivo da Associação Nacional de Difusão de Adubos (ANDA), reforça que os fertilizantes também desempenham funções econômicas e ecológicas importantes. “Afinal, contribuem para a melhoria da produção e do retorno financeiro das lavouras, possibilitam a economia de recursos ambientais, por meio do enriquecimento do solo, e proporcionam ganhos de qualidade nutricional aos alimentos”.
Passo a passo para a escolha do fertilizante certo
- Análise do solo – Antes de tudo, é essencial realizar a análise do solo para identificar deficiências de nutrientes (como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, micronutrientes, entre outros elementos e substâncias).
- Necessidades da cultura – Cada planta tem exigências nutricionais distintas. Grãos como soja e milho demandam mais fósforo e nitrogênio, enquanto frutíferas como laranja precisam de potássio e micronutrientes.
- Tipo de fertilizante – Há opções minerais (NPK, ureia), orgânicas (esterco, compostagem) e organominerais. Considere no processo de escolha a disponibilidade do produto, seu custo e efeito desejado.
- Modo de aplicação – Fertilizantes granulados são comuns para grãos, enquanto a fertirrigação é mais eficiente para hortifrútis.
Recomendações finais:
Após a escolha adequada do fertilizante com base na análise do solo, nas necessidades da cultura e nas condições locais, é fundamental que o agricultor adote práticas complementares de manejo, que garantam a eficiência dos insumos aplicados.
Nesse sentido, os especialistas destacam algumas recomendações importantes:
- Rotação de culturas: a prática de alternar espécies cultivadas em um mesmo solo ao longo das safras é altamente benéfica, pois melhora a estrutura do solo, reduz a incidência de pragas e doenças, e diminui a necessidade de fertilizantes;
- Evitar arar a terra: o revolvimento excessivo do solo pode causar erosão, perda de matéria orgânica e degradação da microbiota benéfica;
- Deixar a cobertura vegetal após a colheita: manter resíduos vegetais ou cultivar plantas de cobertura protege a superfície do solo contra a erosão, conserva a umidade e promove o acúmulo de matéria orgânica;
- Manejo integrado de nutrientes: a combinação equilibrada de fertilizantes químicos e bioinsumos é uma estratégia eficiente para melhorar a disponibilidade de nutrientes, estimular a atividade biológica do solo e reduzir a dependência exclusiva de adubos sintéticos.
Em resumo, a escolha consciente do fertilizante deve ser acompanhada de boas práticas agrícolas, que visam não apenas ao aumento da produtividade. Se você deseja aprofundar seus conhecimentos no mercado de fertilizantes, leia esse artigo e conheça os fertilizantes organominerais.