Agricultura

BB vê nova MP acelerar queda da inadimplência e retomada do crédito rural, diz Tarciana Medeiros

Com R$ 12 bilhões do Tesouro para renegociar dívidas, presidente do Banco do Brasil mira recuperação já no 4º trimestre

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Foto: Fernando Bizerra/Agência Senado
Foto: Fernando Bizerra/Agência Senado

A presidente do Banco do Brasil (BB), Tarciana Medeiros, aposta que a Medida Provisória editada pelo Governo Federal na última sexta-feira (5) vai destravar a regularização do agro e acelerar a melhora dos resultados do banco a partir do fim do ano. “Eu acredito, sim, numa redução gradual da inadimplência, e também na retomada da possibilidade de concessão de crédito a partir da renegociação”, afirmou em entrevista ao Broadcast do Estadão.

Segundo ela, dos R$ 12 bilhões do Tesouro destinados a liquidar ou amortizar dívidas rurais, ao menos metade deve atender a carteira do BB: “Temos mais ou menos 48 mil clientes inadimplentes entre 15 e 90 dias. Estou fazendo a estimativa de [recebermos] metade dos valores”.

A MP assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva libera recursos para bancos operarem a renegociação de produtores afetados por secas, estiagens e enchentes nos últimos anos, com meta de alcançar até 100 mil agricultores familiares.

As taxas de juros variam por público: Pronaf a 6% a.a; médio produtor a 8% a.a; e demais produtores a 10% a.a. O prazo é de até nove anos, com um ano de carência.

No BB, a MP chega após a inadimplência do agro atingir máximas históricas no 2º trimestre. Tarciana mantém o cenário de transição no curto prazo: “Está previsto um resultado mais estressado no terceiro trimestre, com retomada a partir do quarto. E a minha expectativa é que a retomada seja acelerada”, condicionada à velocidade das renegociações.

Ela ressalta que o banco atuará também fora do escopo da MP, com capital próprio, para perfis não abrangidos pelo texto: “Teremos preços adequados para os clientes que estão fora dos perfis previstos, com o recurso livre do banco”.

A executiva destacou a flexibilidade do desenho: “Alguns produtores vão precisar dos nove anos, e outros só de três ou quatro. Essa flexibilidade de organizar a dívida com base na capacidade de pagamento é muito interessante”, avaliou.

Em concessões, o apetite permanece em linha com o guidance, com crescimento de 3% a 6% da carteira e execução integral do Plano Safra 2025/2026. “Já concedemos R$ 36,5 bilhões no nosso Plano Safra”, disse, prevendo mais concessões no 4º trimestre e “um número menor de novos produtores entrando em inadimplência”.

No segundo semestre, porém, o BB seguirá mais seletivo nos recursos livres, com análise de risco estreita, “mas sem redução da carteira”.