
A cacauicultura vem se consolidando como uma das atividades mais estratégicas para o agronegócio paraense. Dados recentes da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) indicam que, em 2024, o setor gerou mais de 400 mil empregos diretos e indiretos, envolvendo 32,7 mil produtores distribuídos em diferentes regiões do estado. O levantamento aponta que somente no último ano foram colhidos 163,8 mil hectares plantados com cacau, com previsão de avanço para 170,5 mil hectares em 2025.
O Pará já responde por cerca de 95% da produção de cacau da Amazônia Legal e vem registrando crescimento contínuo: entre 2022 e 2024, a área colhida expandiu quase 7%, alcançando um volume de 137,5 mil toneladas e produtividade média de 841 kg/ha. Esse desempenho está diretamente ligado ao uso de sistemas agroflorestais, que conciliam a lavoura do cacau com espécies nativas, como o açaí, reforçando a sustentabilidade do cultivo.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Planejamento da Sedap, Maria de Lourdes Minssen, o setor tem se mostrado fundamental não apenas para a geração de renda, mas também como vetor de inclusão produtiva. “A cacauicultura impulsiona a economia de pequenos e médios agricultores, ao mesmo tempo em que valoriza práticas sustentáveis e fortalece a identidade agrícola da região”, afirma.
A demanda crescente por sementes e áreas de plantio reflete a valorização do mercado: o preço do cacau, atualmente entre R$ 40 e R$ 45 o quilo, triplicou em comparação a três anos atrás, estimulando a entrada de cerca de 1.000 novos produtores por ano e a incorporação de até 10 mil hectares anuais à cadeia produtiva.
A relevância do setor também se explica pela forte rede institucional de apoio. A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vinculada ao Ministério da Agricultura, mantém uma estação experimental no município de Medicilândia, responsável pela produção de sementes híbridas, que representam hoje 80% das lavouras implantadas na Transamazônica – região que concentra 85% da produção estadual. Essas sementes, distribuídas gratuitamente, permitem ganhos de produtividade e qualidade, reforçando a competitividade do cacau paraense.
Além do peso econômico, o cacau cultivado no Pará apresenta diferenciais valorizados pela indústria. Segundo a Ceplac, o produto da Transamazônica possui maior teor de gordura e ponto de fusão elevado, resultado da combinação de diferentes materiais genéticos e das condições climáticas da linha do Equador. Essas características asseguram maior valor agregado, abrindo espaço para chocolates finos e ampliando a presença no mercado internacional.
Com a combinação de escala produtiva, geração de empregos, inovação genética e sustentabilidade, o Pará consolida-se como protagonista da cacauicultura nacional. A expectativa é que o setor continue a expandir nos próximos anos, fortalecendo sua importância social, cultural e econômica para a Amazônia e para o Brasil.