
Quando se fala em cacau, tradicionalmente as pessoas associam à Bahia e ao Pará, não é mesmo? Pois saiba que a fruta do chocolate está conquistando espaço também no interior de São Paulo.
Graças ao Programa Cacau SP – uma iniciativa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), por meio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e a Apta Regional –, cultivares como CCN51, PS1319 e BN34 vêm se adaptando bem ao clima paulista e demonstram alto potencial produtivo.
Na região de São José do Rio Preto, produtores como Diego Francisco Ferreira da Silva têm apostado na cultura para diversificar a renda familiar. “O sistema se mostrava vantajoso, pois teríamos renda já nos primeiros anos e agregava valor numa cultura promissora, que ainda estava por vir”, destaca Diego.
A propriedade da família, em Mendonça, se transformou no Rancho do Cacau, onde hoje são cultivadas mil mudas em consórcio com bananeiras. A área está sendo ampliada, e a primeira safra é esperada para 2026. Além da produção agrícola, Diego já vislumbra o turismo rural e o processamento de chocolates artesanais como novos caminhos. “Queremos divulgar mais sobre a cultura do cacau, desenvolver experimentos e dados científicos”, afirma.
O interesse não é apenas regional. O produtor baiano Joilson dos Santos de Jesus veio de Igrapiúna buscar conhecimento em São Paulo e se impressionou com o potencial da região, segundo a SAA.
Já a empresária Renata Martucci, de Jaboticabal, trocou o cacau baiano pelo paulista. “Essa proximidade com os produtores encurta distâncias e sana alguns gargalos que tínhamos quanto à matéria-prima”, afirma. Adepta do movimento Bean to Bar, ela valoriza a produção sustentável e local.
Hoje, o cacau já é cultivado em 60 propriedades distribuídas por 38 municípios paulistas. A média de produtividade em áreas experimentais já atinge de 2 a 3 mil kg por hectare, superando a média nacional de 350 kg/ha.
Segundo Fioravante Stucchi Neto, da CATI, a planta inicia a produção a partir de três anos e pode ser cultivada em sistemas integrados com banana, seringueira ou em agroflorestas.
Com viveiros de mudas em Pederneiras, estrutura para pós-colheita em Mendonça e apoio técnico constante, o Programa Cacau SP se consolida como um motor de transformação rural, agregando valor, sustentabilidade e inovação ao agronegócio paulista.