Produtividade

Café canéfora sem irrigação mostra alto potencial no Acre, aponta pesquisa da Embrapa

Estado passou a abrigar o maior complexo industrial de café da agricultura familiar da Região Norte

Imagem ilustra a colheita de café conilon no Espírito Santo
Foto: 1500m Coffee/Pexels

Um estudo inédito realizado no Vale do Juruá, no Acre, comprova a viabilidade do cultivo de café canéfora sem irrigação, com produtividade média de até 100 sacas por hectare. A pesquisa foi conduzida pela Embrapa Café em parceria com instituições como a Embrapa Acre, a Universidade Federal do Acre (UFAC), o Instituto Federal do Acre, a USP/Esalq e o IDAF/AC.

Os resultados estão na publicação Cultivo de cafeeiros clonais em condições de sequeiro no Vale do Juruá, Acre, lançada recentemente.

Segundo Antonio Fernando Guerra, chefe-geral da Embrapa Café, o uso de cultivares clonais tem impulsionado uma revolução na cafeicultura amazônica, proporcionando retorno econômico e sustentabilidade para as famílias agricultoras.

Os testes começaram em 2017, na Fazenda Experimental da UFAC, com dez clones híbridos desenvolvidos para a Amazônia. De acordo com o pesquisador Marcelo Curitiba Espindula, alguns clones superaram a marca de 100 sacas por hectare nas colheitas entre 2019 e 2022. Entre os destaques estão os clones BRS 2336, BRS 3210, BRS 1216, BRS 3137 e BRS 3213.

Apesar do bom desempenho em sequeiro, os pesquisadores recomendam cautela: a irrigação continua sendo indicada para regiões com melhor infraestrutura, pois pode elevar a produtividade, reduzir custos com insumos e mitigar riscos climáticos.

O estudo representa uma alternativa viável para cafeicultores em áreas remotas com acesso limitado à energia elétrica e insumos, ampliando o alcance da cafeicultura na Amazônia e promovendo uma produção mais adaptada às condições locais.

Novo complexo industrial

Além dos avanços no campo, o Acre deu um novo passou no setor industrial: neste final de semana, a cidade de Mâncio Lima passou a abrigar o maior complexo industrial de café da agricultura familiar da Região Norte.

A estrutura foi inaugurada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), e representa um marco na industrialização da produção rural na Amazônia.

O projeto tem capacidade de beneficiar o grão commodity e cafés especiais. Hoje, o Acre é o segundo maior produtor de café da Região Norte, atrás de Rondônia. O investimento na unidade totalizou R$ 10 milhões — sendo R$ 8 milhões da ABDI e R$ 2 milhões da cooperativa.