Especial

Café robusta ou arábica: diferenças e características

Entenda como as principais variedades da cultura se destacam no sabor, cultivo e mercado

Foto: Divulgação/Mapa
Foto: Divulgação/Mapa

O Brasil é reconhecido mundialmente como um dos maiores produtores e exportadores de café. Dentro desse universo duas variedades ganham destaque: o café robusta e o café arábica. Ambos concentram praticamente toda a produção no país e no mundo, mas contam com particularidades marcantes que influenciam desde o cultivo até o sabor final da bebida. 

Para produtores, baristas e consumidores, conhecer as diferenças entre o café robusta e arábica é fundamental para valorizar a cadeia produtiva e fazer escolhas mais conscientes. Neste artigo, vamos detalhar as origens, as características e o sabor, além de aspectos relacionados à produção da cultura no Brasil e no mercado internacional.

Origem e características de cada tipo

A variedade do café arábica (Coffea arabica) foi criada na Etiópia e ganhou destaque histórico por ser a primeira a se espalhar pelo mundo, principalmente no Oriente Médio e na Europa. Ele é considerado mais nobre por conta das características de seu sabor, que é mais delicado, com notas frutadas, florais e uma acidez equilibrada. Representa cerca de 60% a 70% da produção mundial.

Já o café robusta (Coffea canephora), tem origem na África subsaariana, especialmente em países como Uganda e República Democrática do Congo. Essa variedade é mais resistente e por isso pode ser cultivada em diferentes regiões tropicais. O grão apresenta maior teor de cafeína, sabor mais encorpado e amargo, além de notas de chocolate e frutos secos.

Diferenças no cultivo e produtividade

O cultivo de café também apresenta grandes contrastes entre as duas variedades.

O café arábica exige condições climáticas específicas: altitudes acima de 800 metros, temperaturas mais amenas (entre 18°C e 22°C) e solos ricos em nutrientes. Essa exigência no manejo causa menos produtividade, mas traz mais qualidade sensorial ao grão.

Já o café robusta é mais resistente a pragas, doenças e variações climáticas. Pode ser cultivado em altitudes mais baixas, entre 200 e 600 metros, e suporta temperaturas mais altas, chegando até 30°C. A força do grão garante maior produtividade por hectare.

Em termos de rendimento, enquanto o arábica oferece em média 20 a 30 sacas por hectare, o robusta pode chegar a mais de 40 sacas, dependendo do manejo e da região. 

Sabor e aroma: qual escolher?

Uma das maiores curiosidades dos consumidores está no sabor do café. A variedade arábica é mais valorizada em cafeterias, já que apresenta maior complexidade sensorial, corpo médio, acidez marcante e notas que vão do floral ao frutado

O café robusta, por outro lado, tem corpo intenso, um sabor amargo mais presente e notas de chocolate, castanhas e até de madeira. Por conter mais cafeína, é uma bebida mais forte.

Café robusta x café arábica no mercado brasileiro

O Brasil é o único país do mundo que se destaca de forma equilibrada tanto na produção de café arábica quanto na de café robusta, também conhecido como conilon.

As regiões produtoras de café arábica estão concentradas em Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Paraná, que oferecem condições ideais de altitude e clima

O estado de Minas Gerais, por exemplo, responde pela maior parte da produção de arábica no país e é referência mundial em cafés especiais.

O café robusta , por sua vez, é cultivado principalmente em Rondônia, Bahia e no Espírito Santo – inclusive, esse último é o estado que lidera a produção nacional dessa variedade, com destaque para pequenas e médias propriedades familiares que movimentam economias locais.

Exportação e consumo interno

No cenário internacional, o Brasil é líder na exportação de café arábica, abastecendo mercados exigentes como Europa e Estados Unidos. O café robusta brasileiro, por sua vez, tem ganhado espaço em países da Ásia e em indústrias de café solúvel e instantâneo, que valorizam o custo e o rendimento.

No consumo interno, o brasileiro tradicionalmente prefere o café de torra mais escura, forte e encorpado – características associadas ao robusta. No entanto, nos últimos anos, houve um crescimento expressivo da procura por cafés especiais, impulsionando a valorização do arábica.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo per capita de café no Brasil cresce de forma consistente, e a tendência é de diversificação. Isso significa que tanto o robusta quanto o arábica terão espaço garantido, cada um atendendo perfis de consumidores diferentes.

Se você se interessou pela cultura e quer entender acerca dela, vai gostar do nosso artigo sobre bienalidade do café e como esse fenômeno natural afeta o rendimento da lavoura desse grão de um ano para o outro.