O cajueiro-anão, desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical (CE), tem transformado a realidade de agricultores familiares do Semiárido nordestino. Resistente à seca e a pragas como a mosca-branca, a planta garante alta produtividade mesmo em períodos de estiagem severa.
Enquanto a média nacional é de 358 quilos de castanha por hectare, clones da Embrapa podem produzir mais de 1.000 quilos, desde que manejados adequadamente. Além da castanha, o pedúnculo — antes desperdiçado — passou a ser fonte de sucos, doces, cajuína e outros derivados, ampliando a renda dos produtores.
Segundo o pesquisador Marlos Bezerra, poucas espécies frutíferas conseguem produzir em pleno período seco. “É nesse momento que o caju se torna fonte estratégica de renda”, afirma.
A inovação tem atraído agricultores em estados como Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, onde famílias replantaram áreas devastadas por secas com clones de cajueiro-anão. No Piauí, cooperativas relatam colheita precoce e maior rentabilidade. No Rio Grande do Norte, produtores alcançam até 2 mil quilos por hectare em anos favoráveis.
Além do impacto econômico, os pomares contribuem para o meio ambiente: atraem abelhas, retêm umidade e ajudam a preservar a biodiversidade da Caatinga.
O programa de melhoramento genético da Embrapa já disponibilizou 13 clones adaptados ao Semiárido, incluindo o CCP 76, preferido para produção de caju de mesa, e o Embrapa 51, capaz de produzir até 1.650 quilos de castanhas por hectare.