
Resumo da notícia
- A calagem do solo é uma prática agrícola essencial para corrigir a acidez e garantir melhor absorção de nutrientes pelas plantas.
- O uso do calcário agrícola melhora a fertilidade do solo e pode aumentar a produtividade das lavouras em até 30%.
- A aplicação deve ser feita de 2 a 3 meses antes do plantio, com base em análise de solo, garantindo uniformidade e eficiência.
- Existem diferentes tipos de calcário — calcítico, dolomítico e magnesiano — e o ideal é escolher produtos com PRNT acima de 80%.
- Evitar erros como aplicar sem análise, em dias de chuva ou sem incorporação adequada é fundamental para o sucesso da calagem.
A calagem é uma das práticas agrícolas mais importantes, e também mais negligenciadas, por muitos produtores rurais. Ela corrige a acidez do solo, melhora o aproveitamento de nutrientes pelas plantas e aumenta a produtividade das lavouras.
Em um país com solos naturalmente ácidos, como o Brasil, aplicar o calcário na hora certa e da forma correta é um investimento que garante mais saúde ao solo e estabilidade à produção, seja em grandes, médias ou pequenas propriedades.
Neste artigo, você vai entender o que é a calagem, quais seus benefícios, como e quando fazer, os tipos de calcário disponíveis e os principais cuidados para não errar nessa prática fundamental para o sucesso da lavoura.
O que é calagem e por que é importante para o solo
A calagem é o processo de aplicação de calcário agrícola no solo, com o objetivo de reduzir sua acidez (elevar o pH) e fornecer cálcio (Ca) e magnésio (Mg), dois nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas.
A maior parte dos solos brasileiros é naturalmente ácida, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, devido à intensa lixiviação — processo em que as chuvas levam nutrientes básicos embora, deixando o solo pobre e ácido.
Quando o pH está muito baixo (solo ácido), nutrientes como fósforo, potássio e nitrogênio ficam menos disponíveis, e elementos tóxicos, como alumínio e manganês, se tornam mais solúveis e prejudicam o crescimento das raízes. A calagem corrige esses problemas, neutralizando o alumínio tóxico e melhorando as condições químicas e biológicas do solo.
Além de melhorar o ambiente para as plantas, o calcário favorece a atividade dos microrganismos benéficos, essenciais na decomposição da matéria orgânica e na ciclagem de nutrientes. Em outras palavras, a calagem é a base da fertilidade e deve ser feita antes de qualquer adubação e plantio.
Benefícios da calagem para a lavoura
Os resultados da calagem são amplos e diretos no desempenho da lavoura. Entre os principais benefícios estão:
1. Aumento da disponibilidade de nutrientes
Com o pH corrigido, o solo libera mais nutrientes para as plantas, especialmente fósforo e potássio. Isso significa que o produtor aproveita melhor os fertilizantes aplicados, reduzindo custos e evitando desperdícios.
2. Melhoria no desenvolvimento radicular
A neutralização do alumínio permite que as raízes cresçam mais profundas e explorem melhor a umidade e os nutrientes do solo. Isso torna as plantas mais resistentes a períodos de seca e mais eficientes no aproveitamento da água.
3. Equilíbrio biológico e físico do solo
A presença de cálcio e magnésio melhora a estrutura do solo, reduzindo sua compactação e aumentando a infiltração de água. Além disso, estimula a vida microbiana, essencial para a formação de húmus e manutenção da fertilidade.
4. Sustentabilidade
Ao corrigir a acidez e equilibrar os nutrientes, a calagem reduz a necessidade de insumos químicos a longo prazo e melhora o aproveitamento do adubo orgânico. Isso contribui para uma agricultura mais sustentável e de menor impacto ambiental.
Quando e como fazer a calagem
O momento ideal para realizar a calagem depende do tipo de solo, da cultura e da época do ano, mas há algumas orientações gerais:
1. Faça uma análise de solo
Antes de qualquer aplicação, o produtor deve coletar amostras de solo e enviá-las para um laboratório de análise química. É a partir desses resultados que se determina quanto calcário aplicar e qual tipo utilizar. A análise deve ser feita a cada dois ou três anos, preferencialmente no fim da colheita, antes do preparo do solo para a nova safra.
2. Época ideal
O ideal é fazer a calagem de dois a três meses antes do plantio, permitindo tempo para o calcário reagir e corrigir a acidez. Em sistemas de plantio direto, a calagem pode ser superficial, feita logo após a colheita ou no período de entressafra.
3. Como aplicar
- Distribuição uniforme: utilize distribuidores manuais, tratores ou implementos próprios, garantindo que o calcário cubra toda a área de forma homogênea.
- Incorporação ao solo: em áreas de preparo convencional, o calcário deve ser incorporado entre 10 e 20 cm de profundidade, com o uso de grade aradora ou enxada rotativa.
- Reaplicação: em solos muito ácidos, pode ser necessário repetir a aplicação após dois ou três anos para manutenção do pH.
4. Calagem superficial em plantio direto
Nos sistemas de plantio direto, onde o solo não é revolvido, o calcário é aplicado sobre a palhada. Mesmo sem incorporação, estudos mostram que a correção ocorre gradualmente, principalmente nas camadas mais superficiais, garantindo resultados consistentes ao longo dos anos.
Tipos de calcário e suas diferenças
Nem todo calcário é igual. No mercado, existem diferentes tipos e composições químicas que variam conforme o teor de óxidos de cálcio (CaO) e óxidos de magnésio (MgO).
1. Calcário calcítico
É o mais comum, com alto teor de cálcio (Ca) e baixo de magnésio (Mg). Indicado para solos que já possuem bom teor de magnésio, mas precisam de cálcio. Costuma ser o mais acessível no mercado.
2. Calcário dolomítico
Contém tanto cálcio quanto magnésio em quantidades equilibradas. É o mais recomendado para a maioria dos solos brasileiros, pois corrige a acidez e repõe magnésio, que muitas vezes está em falta.
3. Calcário magnesiano
Tem teores médios de magnésio, ficando entre o calcítico e o dolomítico. É indicado quando o solo precisa de correção moderada de Mg.
4. Calcário líquido ou micronizado
Versões mais recentes, usadas em pulverizações ou misturas com adubos líquidos. Embora tenham aplicação facilitada, sua eficiência é menor e mais superficial. São recomendados apenas como complemento da calagem tradicional.
Ao escolher o calcário, o produtor deve observar dois índices que indicam sua eficiência:
- PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total): quanto maior, mais rápida e eficiente é a correção. O ideal é usar calcário com PRNT acima de 80%.
- Reatividade: mede a rapidez com que o produto reage no solo; depende da finura e da origem do calcário.
Cuidados e erros comuns na calagem
Mesmo sendo uma prática simples, erros na calagem são frequentes e podem comprometer a produtividade. Veja os principais:
- Não fazer análise de solo: aplicar “no olho” é arriscado. Excesso de calcário pode elevar demais o pH, reduzindo a disponibilidade de micronutrientes e prejudicando as plantas.
- Aplicar e plantar imediatamente: o calcário precisa de tempo para reagir. Por isso, aplique com uma antecedência mínima de 60 dias do plantio.
- Não reaplicar periodicamente: o efeito da calagem não é permanente. A cada dois ou três anos é necessário revisar o pH e, se preciso, corrigir novamente.
- Aplicar em solo muito úmido ou durante chuva: a água pode causar desuniformidade e perda do produto. Prefira dias secos e com pouco vento.
- Distribuição irregular: falhas na aplicação resultam em áreas com pH diferentes, o que afeta o desenvolvimento uniforme das plantas.
A calagem é um dos pilares da fertilidade do solo e da sustentabilidade da produção agrícola. Ao corrigir a acidez e equilibrar os nutrientes, o produtor não apenas aumenta a produtividade, mas também melhora a eficiência dos fertilizantes e garante lavouras mais resistentes.
Para o pequeno e médio agricultor, investir em análise de solo e em uma calagem bem-feita é economia no longo prazo e segurança para o futuro da propriedade.
O solo é o patrimônio mais valioso do campo, e cuidar dele começa com a calagem.
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