Crédito: Fertlizantes/Shutterstock
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Resumo da notícia

  • Em reunião fechada na ACSP, o secretário de Política Agrícola do Mapa afirmou que o principal gargalo do Brasil em fertilizantes não é industrial, mas a falta de matérias-primas como fósforo e potássio.
  • Diante dos conflitos no Leste Europeu, o governo amplia negociações com Canadá, Marrocos e outros países, enquanto avalia a regulação para explorar jazidas nacionais.
  • Para adubos à base de ureia, a situação é mais favorável com a retomada dos investimentos da Petrobras em 4 fábricas que podem suprir 35% da demanda até 2028.
  • No acumulado de 2025 até outubro, o Brasil importou 38,35 milhões de toneladas de fertilizantes, alta anual de 4,5%.
  • Campos destacou a robustez sanitária e a diversidade produtiva do país, afirmando que o Brasil é “mais que o celeiro, o supermercado do mundo”.

Em encontro restrito a convidados do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) nesta semana, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Guilherme Campos, disse que o maior gargalo do Brasil em relação à dependência da importação de fertilizantes – mais de 80% da necessidade – não está relacionado ao parque industrial do país para fabricação do insumo, mas à ausência de matérias-primas em território nacional.

“Não há questão relacionada à indústria . O ponto é que não temos reservas disponíveis de matérias-primas, em particular jazidas de fósforo e potássio, elementos básicos que são usados para a fabricação de fertilizantes“, assinalou. 

Nesta conjuntura, ressaltou o secretário, o governo vem procurando, por exemplo, alternativas de fornecedores destes materiais – fora do eixo do Leste Europeu –, devido à região passar por conflitos militares, o que traz complexidade de transporte, entrega e preços. “Estamos buscando identificar e ampliar oportunidades de compra no Canadá, Marrocos, entre outros fornecedores, e ao mesmo tempo entender a agenda regulatória para exploração de áreas domésticas que possuem estas matérias-primas.”

No caso dos adubos nitrogenados, oriundos do gás natural, Campos disse que o quadro é mais favorável, sobretudo a partir do anúncio da retomada dos investimentos da Petrobras em quatro fábricas nos estados do Paraná, Bahia, Sergipe e Mato Grosso do Sul, que apresentam potencial para atender 35% da demanda nacional por fertilizantes à base de ureia até 2028. 

No acumulado do ano até outubro, as importações brasileiras de fertilizantes registram alta de 4,5% na comparação com igual intervalo de 2024, totalizando 38,35 milhões de toneladas, indica relatório da DATAGRO, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)

De acordo com o Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado do Paraná (Sindiadubos-PR), o Brasil deve fechar 2025 com entregas de 48,2 milhões de toneladas de fertilizantes, estimativa que se for concretizada significará alta de 1% ante o ano passado.

Na reunião, o secretário acentuou, ainda, a qualidade da segurança sanitária e da defesa agropecuária brasileira, assim como salientou que o agro nacional é simultaneamente uma potência em commodities, produtos de elevado valor agregado, itens alimentícios com certificações especiais – como halal e kosherfibras e energias renováveis. “Mais do que o celeiro, somos o supermercado do mundo”, afirmou Campos.