
A Embrapa Territorial e a Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC) se uniram para lançar uma ferramenta digital que substitui formulários de papel usados na certificação orgânica.
Com a inovação, os agricultores podem preencher os documentos diretamente pelo celular, acessando os requisitos da produção orgânica com mais facilidade. A expectativa é que o sistema também gere um banco de dados com informações estratégicas para melhorar a produção e a comercialização de alimentos.
A ANC reúne cerca de 100 produtores e consumidores de alimentos orgânicos da região de Campinas (SP) e atua na certificação participativa desses produtos. O novo sistema digital corresponde aos planejamento de manejo que os agricultores devem enviar para comprovar a origem orgânica da produção.
“Se há plantio de cenouras, por exemplo, é preciso informar a quantidade de sementes plantadas, como foram adquiridas, quanto se espera colher, cada produto utilizado como fertilizante ou para o combate de doenças e pragas, para quem foram vendidas, entre muitas outras informações. Há que se reportar dados gerais sobre a propriedade, como medidas de conservação de solo, proteção de fontes de água e destinação de resíduos”, explica a Embrapa.
Antes da digitalização, o processo para certificação da produção orgânica exigia o preenchimento manual de mais de 30 páginas de formulário. Segundo Milene Vasconcelos Amedi, secretária do Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (Opac) da ANC, essa era uma demanda antiga dos produtores.
“As gerações estão ali para se comunicar, para se ajudar. Se isso já acontece no papel, vai acontecer no digital também”, afirma Milene.
A nova ferramenta facilita o processo de certificação e melhora a gestão de dados. Com essas informações organizadas, os produtores conseguem prever com mais precisão as colheitas e o volume de produção — um desafio comum entre agricultores orgânicos.
Produtores de novas regiões terão acesso ao app de certificação orgânica
Produtores do Orgânicos Sul de Minas e da Comuna da Terra criaram o sistema e passaram a utilizá-lo no ano passado. Agora, os produtores da ANC serão os primeiros a testar a nova versão, já considerada uma solução tecnológica mais avançada.
“É um outro nível de testagem. Precisamos que o ativo seja adotado para colhermos impressões e aprimorar a ferramenta”, explica Gisele Freitas Vilela, pesquisadora da Embrapa e líder do projeto.
A Embrapa planeja ampliar o uso da ferramenta para toda a região Sudeste e Sul do país. Para isso, cinco centros da empresa se uniram em um novo projeto de pesquisa, em parceria com o Ministério da Agricultura e superintendências de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.