
Em busca de maior autonomia financeira e novos modelos de gestão, a Embrapa poderá ganhar, em breve, uma diretoria-executiva específica para negócios e captação de recursos. A recomendação foi aprovada nesta quinta-feira (3) pelo Conselho de Administração da estatal (Consad) e marca um movimento para reestruturar a atuação da empresa, que historicamente depende quase exclusivamente do orçamento federal.
A proposta é desmembrar a atual Diretoria de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia. A nova diretoria assumiria as funções de monetização de ativos, atração de investimentos nacionais e internacionais e articulação de parcerias estratégicas, inclusive com possibilidade de nomeação de um gestor externo à estrutura da Embrapa.
Em entrevista ao Globo Rural, a presidente Silvia Massruhá afirmou que o foco da gestão será buscar sustentabilidade financeira por meio de royalties, sociedades e novos mecanismos de reinvestimento. “Precisamos testar novos modelos que nos deem sustentabilidade financeira, para poder pesquisar com mais calma, não ter que descontinuar pesquisas por falta de recursos e ser mais ágil nas entregas”, disse.
Um projeto-piloto já está em curso em parceria com algumas instituições financeiras, envolvendo mobilização de ativos e revisão patrimonial. O plano inclui o arrendamento de áreas subutilizadas da Embrapa e participação acionária em startups que desenvolvem tecnologias públicas. Também há estudos sobre a criação de uma subsidiária para internalizar recursos, por meio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT).
Segundo Carlos Augustin, presidente do Consad, a ideia é inserir uma “veia de capitalismo” na estatal, sem abrir espaço para privatizações. “Nunca pensamos nem queremos privatizar a Embrapa, mas queremos que parte dos recursos que não são da folha de pagamentos venha de royalties. Temos uma gama de tecnologias inexploradas monetariamente”, afirmou ao Globo Rural.
Ainda de acordo com a reportagem, a proposta será detalhada em estudos internos e depende de aprovação de instâncias governamentais. Enquanto isso, mudanças já começaram a acontecer: o diretor de Governança e Informação, Alderi Araújo, deixará o cargo no fim de julho. A empresa ainda não definiu seu substituto.