Agroecologia

Safra de pinhão é iniciada em Santa Catarina com expectativa de 4,5 mil toneladas

Semente segue como fonte essencial de renda para milhares de famílias da Serra Catarinense

Safra de pinhão é iniciada em Santa Catarina com expectativa de 4,5 mil toneladas

A colheita de pinhão começou oficialmente nesta terça-feira (1º) em Santa Catarina, marcando o início da safra 2025. A data respeita o que determina a Lei Estadual nº 15.457, de 17 de janeiro de 2011, que proíbe a coleta, transporte e comercialização da semente antes de abril.

O pinhão é uma importante fonte de renda para milhares de agricultores familiares catarinenses. Estimativas da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) indicam que cerca de 10 mil famílias nos 18 municípios da Serra Catarinense têm no pinhão uma parte significativa de seu sustento, sendo aproximadamente 30% dos 34 mil produtores rurais da região, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Painel, município com pouco mais de 2 mil habitantes e reconhecido por lei como a Capital Catarinense do Pinhão, o agricultor Jaison de Liz Rosa já iniciou a colheita. Com cerca de cinco mil araucárias em suas terras, ele explora apenas 10% das árvores. Ainda assim, espera colher cerca de três toneladas da semente nesta safra, que corresponde a uma queda de 35% em relação ao ano passado.

“A agroecologia e os serviços que faço respondem por 40%. Os outros 60% vêm do pinhão. Mesmo colhendo menos que nos últimos anos, é a minha principal fonte”, afirma Jaison, que também cultiva morangos e hortaliças para a merenda escolar e presta serviços em outras propriedades.

Pinhão: técnica, pesquisa e futuro

Embora a colheita do pinhão ainda seja, em grande parte, uma atividade extrativista e tradicional, ela vem passando por um processo de profissionalização, impulsionado especialmente pela atuação da Epagri. A entidade oferece orientação técnica contínua, desde o manejo das araucárias até estratégias de mercado e beneficiamento da semente.

“A Epagri orienta o produtor sobre o cultivo, manejo, processamento, mercado, agroindústria e várias outras questões relacionadas ao pinhão. Também estamos trabalhando com araucárias enxertadas para, no futuro, produzir pinhão precoce. Este amparo é fundamental e ocorre em toda a cadeia produtiva”, explica o engenheiro agrônomo José Márcio Lehmann, gerente regional da instituição em Lages.

Apesar da retração estimada de 35% na safra deste ano, que deve fechar em torno de 4,5 mil toneladas, especialistas apontam que a variação está dentro do comportamento natural da araucária, que alterna anos de maior e menor produção, sem causa única definida.