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Fruticultura brasileira tem potencial para ir além da marca de US$ 1 bilhão em exportações  

Atualmente, mais de 130 países importam frutas brasileiras, mas Brasil ocupa apenas o 23º lugar entre os maiores exportadores globias 

Fruticultura brasileira alcança mais de 130 países importam frutas brasileiras
Fotos: Wenderson Araujo/Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

A fruticultura brasileira vem registrando significativa expansão internacional nos últimos anos, estabelecendo o Brasil como um fornecedor confiável. Os embarques do setor em 2024 romperam a marca de um milhão de toneladas, atingindo a receita de U$S 1,38 bilhão, alta de 2%, apontam dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC).

As principais frutas exportadas pelo Brasil são mangas, melões, uvas, limões e limas, bem como melancia, mamão, além de nozes e castanhas. Mais de 130 países importaram o produto brasileiro no último ano. 

“O mundo quer a fruta do Brasil. Temos volume, diversidade, sanidade, sabor e sustentabilidade, em mais de 2,5 milhões de hectares de área de cultivo”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho. 

Segundo o dirigente, do protagonismo do polo produtivo do semiárido nordestino, notadamente o Vale do São Francisco, a fruticultura brasileira é praticada em todo o país, o que demonstra sua amplitude e variedade, além das frutas tropicais.

O analista de competitividade do Sebrae, Victor Ferreira, lembra ainda que frutas mais exóticas como o baru, mangaba, bacuri, típicas do Cerrado, também vêm despertando interesse internacional. 

Para o professor Marcos Jank, coordenador do núcleo Insper Agro Global, a fruticultura brasileira tem enorme potencial para ir além do embarque de US$ 1 bilhão. “Não há razão alguma para o setor de frutas ficar somente nesta cifra de um universo de embarques do agro, que já supera US$ 160 bilhões por ano”.

Segundo o especialista, o segmento pode e deve expandir-se para outros mercados, além de EUA e principalmente da Europa, buscando também oportunidades na Ásia e Oriente Médio – assim como fizeram outras cadeias produtivas.

Desafios para fruticultura

Nesta jornada, o executivo de Desenvolvimento Setorial da Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, Nilson Gasconi, chama a atenção para o desafio logístico de armazenagem e transporte que impacta a exportação de frutas, já que se trata de uma mercadoria perecível, que exige controle constante de temperatura. 

Além disso, a fruticultura nacional tem somente 4% de participação nas vendas globais, posicionando o Brasil apenas como 23º exportador mundial. De acordo com o vice-presidente da Abrafrutas, Waldyr Promicia, as oportunidades são enormes, mas há o desafio da abertura de novos mercados. “Para se ter ideia, estamos exportando até frutas de clima temperado, como lichia, mirtilo, entre outras”, diz Promicia. 

Nesse sentido, especialistas indicam a necessidade de buscar viabilizar a ampliação de rotas aéreas, assim como a adoção de tecnologias que deem mais tempo de prateleira aos produtos.

Outro gargalo apontado pelos exportadores de frutas é a baixa infraestrutura para o escoamento das frutas — que naturalmente possuem um tempo de validade mais enxuto. Exportadores relatam pouca estrutura dos portos, assim como a ausência de contêineres refrigerados para os frutos. Assim, os produtos naturalmente perecíveis possuem dificuldades de sair do território nacional. 

Para o embarque das frutas, as exigências de certificações internacionais também acabam elevando o custo do agricultor, que tantas vezes opta por comercializar a produção no mercado interno.

Apesar de difíceis de serem superadas, o agronegócio brasileiro tem vocação para driblar as adversidades e ganhar maior protagonismo nesse mercado internacional, assim como já faz com outros produtos, como soja, milho, açúcar, café e carnes.

Investimentos em infraestrutura, ampliação de rotas comerciais e adoção de tecnologias de conservação, são alguns pontos fundamentais para que o Brasil consolide sua posição entre os maiores exportadores mundiais, fator que agrega valor à produção nacional e impulsiona o desenvolvimento sustentável do setor.