Com uma produção anual de 28,42 toneladas, Santa Catarina é o segundo maior produtor nacional de palmito, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E acredite: o Litoral Norte catarinense concentra 96% da área plantada e abriga cerca de 60 agroindústrias que beneficiam o produto, essencial na gastronomia brasileira. Para discutir os gargalos e avançar na sustentabilidade e competitividade da cadeia produtiva, a Câmara Técnica da Palmeira Cultivada se reuniu em Itajaí, no Centro de Treinamento da Epagri (Cetrei).
O encontro contou com produtores, pesquisadores, representantes da indústria e de órgãos públicos. Por lá, foram colocados em pauta temas como readequação fiscal, aproveitamento de resíduos, registro de defensivos agrícolas específicos e regularização das agroindústrias. “Precisamos de uma revisão na carga tributária para competir com outros estados”, afirmou Paulo Arruda, secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Rural.
A Câmara Técnica foi criada em 2024, e esse foi seu segundo encontro. Na reunião, também se discutiu o uso sustentável da biomassa gerada no processamento, isso porque, apenas 3% a 4% da planta é comestível. “É essencial avançar em soluções para resíduos e no registro de defensivos agrícolas adaptados ao palmito, como já ocorre com culturas como hortaliças e cana-de-açúcar”, disse Arruda.
A pesquisa tem sido uma aliada no avanço da cultura. O extensionista da Epagri, Marcelino Hurmus, destacou a evolução desde o extrativismo até a introdução da Palmeira Real, em 1996. Já o agrônomo Keny Mariguele apresentou estudos que ajudam a identificar o ponto ideal de corte, o que pode quadruplicar a produção dos chamados toletes, considerados o “filé mignon” do palmito.
A reunião também abordou incentivos financeiros. O programa Financia Agro SC, por exemplo, oferece crédito com carência de cinco anos e sem juros para pequenos produtores do Pronaf.
Para o pesquisador Alexandre Visconti, da Estação Experimental da Epagri em Itajaí, “a pesquisa tem mostrado que o Litoral Norte é a área com maior potencial para a cultura do palmito, por ter clima semelhante ao da Amazônia”.
A próxima reunião promete avançar com representantes da Anvisa e do Instituto do Meio Ambiente, focando na regularização das agroindústrias e no manejo sustentável da palmeira Juçara.