O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da mangueira, mantido pela Embrapa Semiárido, alcançou a marca de 172 acessos genéticos conservados, consolidando-se como o maior acervo da cultura dentro da Embrapa e o segundo maior do Brasil.
Instalado no Campo Experimental de Mandacaru, em Juazeiro (BA), o BAG funciona como uma “biblioteca genética viva”, reunindo materiais de diferentes origens, fundamentais para os programas de caracterização, conservação e melhoramento genético da mangueira.
Acervo reúne 688 plantas em área de sete hectares
O banco abriga um pomar com 688 plantas, cada acesso representado por quatro exemplares, distribuídos em uma área de sete hectares.
Criado em 1994, o espaço passou por ampliação e sistematização a partir de 2005, com foco em análises:
Esse trabalho sustenta pesquisas para o Vale do São Francisco, principal polo de produção e exportação de manga do Brasil.
Híbridos com alto teor de açúcar e boa aparência estão em teste
O BAG é base do Programa de Melhoramento Genético da Mangueira, conduzido pela Embrapa Semiárido em parceria com unidades da Embrapa Cerrados (DF), Meio-Norte (PI) e Mandioca e Fruticultura (BA).
Atualmente, cerca de 2.000 híbridos estão em avaliação no Semiárido. Desses, 100 já foram selecionados por atributos como:
- Teor de sólidos solúveis (doçura);
- Tamanho do fruto;
- Cor da casca;
- Textura da polpa;
- Conservação pós-colheita.
O pesquisador Francisco Pinheiro Lima Neto, responsável pelo BAG, destaca:
“Não basta ter um fruto doce e bonito. É preciso garantir produtividade e resistência às condições do Vale do São Francisco.”
Demanda do mercado e exigências do exportador orientam o melhoramento
O objetivo do programa é desenvolver variedades que atendam às exigências do mercado internacional e às necessidades dos produtores locais. A região exportadora demanda frutas com:
- Peso mínimo de 500g;
- Coloração avermelhada intensa;
- Boa resistência ao transporte e armazenamento;
- Produtividade superior a 40 t/ha;
- Tolerância à mosca-das-frutas.
Variedades como Palmer (50% da área plantada), Tommy Atkins (30%), Kent e Keitt (20%) predominam na região.
“O consumidor compra com os olhos. Uma manga vistosa conquista o mercado mesmo que não seja a mais doce”, afirma Lima Neto.
Cruzamentos controlados vão acelerar o desenvolvimento de novas variedades
Hoje, os cruzamentos ocorrem naturalmente, limitando as combinações genéticas. A Embrapa aposta agora na construção de telados, que permitirão:
- Cruzamentos dirigidos entre acessos;
- Maior eficiência na geração de híbridos;
- Aumento da variabilidade genética explorada.
“Com os telados, poderemos gerar híbridos em larga escala e com características planejadas”, afirma o pesquisador.
Rede nacional de germoplasma fortalece a competitividade do Brasil
Além do BAG da Embrapa Semiárido, existem outros três bancos de germoplasma de mangueira mantidos pela Embrapa, formando uma rede nacional para conservação e uso da variabilidade genética da cultura.
“O mercado internacional está aberto a novas variedades. Países como Austrália, Israel, Índia e África do Sul investem forte em melhoramento genético. O Brasil não pode ficar atrás”, finaliza Lima Neto.