Biotecnologia

Embrapa identifica gene que melhora a produção de tomates

Descoberta da permite criar tomateiros com folhas eretas, que sofrem menos com o calor e são mais produtivos

Leitura: 3 Minutos
Foto: Wenderson Araujo/Trilux
Foto: Wenderson Araujo/Trilux

Um grupo de pesquisadores da Embrapa, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (Inia) do Uruguai, identificou o gene responsável pelo porte ereto das folhas do tomateiro.

A descoberta representa um avanço importante para o melhoramento genético da cultura do tomate e pode ser aplicada a outras espécies agrícolas.

A posição ereta das folhas é uma característica valiosa por:

  • Reduzir estresse térmico;
  • Melhorar o controle de pragas;
  • Aumentar o adensamento do plantio;
  • Elevar a produtividade por hectare.

Descoberta foi validada com edição genética

A equipe da Embrapa utilizou a tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9 para confirmar a função do gene identificado.

Ao editar o gene em plantas com folhas convencionais, os cientistas observaram a transformação do fenótipo para folhas eretas — comprovação funcional direta da atuação do gene.

“Nossa equipe percorreu todas as etapas: da observação em campo à prova de conceito da edição genética”, explica o pesquisador Leonardo Boiteux, da Embrapa Hortaliças.

A identificação do gene foi possível após cruzamentos entre plantas com e sem a mutação natural, e a análise revelou a localização do gene no cromossomo 10 do tomateiro.

Benefícios agronômicos do tomate com folhas eretas

A nova arquitetura traz vantagens agronômicas relevantes:

  • Menor evapotranspiração e maior conforto térmico para a planta;
  • Redução do estresse oxidativo nas horas de maior insolação;
  • Maior eficiência na pulverização de defensivos (especialmente no controle de oídio e mosca-branca);
  • Diminuição da incidência de pragas, como a mosca-branca, que prefere a parte inferior das folhas;
  • Possibilidade de cultivo mais denso, aumentando o número de plantas por hectare.

“Plantas editadas receberam até 2,5 vezes menos moscas-brancas, provavelmente por maior exposição da superfície inferior das folhas às condições ambientais e inimigos naturais”, destaca o estudante Pedro Fernandes, da UnB.

Potencial para aplicação em outras espécies

Segundo os pesquisadores, genes similares ao identificado no tomateiro também estão presentes em milho, pêssego e outras espécies.

Isso abre caminho para aplicação da mesma estratégia em outras culturas agrícolas e frutíferas.

“Agora que sabemos o gene exato, podemos explorar sua aplicação em diferentes espécies, criando plantas com melhor arquitetura foliar”, afirma Francisco Aragão, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

A descoberta fortalece o melhoramento genético no Brasil

A aplicação de marcadores moleculares e da edição genética torna o processo de desenvolvimento de novas cultivares mais rápido, eficiente e direcionado.

A técnica contribui para:

  • Acelerar o ganho genético em programas de melhoramento;
  • Adaptar plantas ao cultivo intensivo e às mudanças climáticas;
  • Aumentar a sustentabilidade e a eficiência da agricultura.

A pesquisa reforça o protagonismo da ciência brasileira na integração de biotecnologia, agricultura e sustentabilidade.

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