
Produtores de cenoura estão apreensivos quanto à viabilidade financeira da safra de inverno de 2025, segundo boletim recente da equipe de Hortifrúti do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Apesar do bom potencial de desenvolvimento das lavouras, o prolongado cenário de preços baixos segue pressionando a rentabilidade no campo.
De acordo com o Cepea, a safra de verão 2024/25, iniciada em novembro, está praticamente finalizada em São Gotardo (MG), enquanto as colheitas de inverno avançam. A qualidade da cenoura colhida é considerada boa, com apenas problemas pontuais fisiológicos e fitossanitários. O desafio, no entanto, segue sendo econômico: o preço médio recebido pelo produtor entre novembro e julho ficou em R$ 0,97/kg, patamar que empata com os custos de produção estimados para a cultura.
Em alguns meses, os valores pagos ao produtor caíram para até R$ 0,50/kg, resultando em perdas, gradeamento de áreas e destinação da produção para ração animal. “Há uma crescente preocupação com a continuidade da cultura, pois os resultados negativos não são pontuais — se acumulam desde o inverno passado”, aponta o Cepea.
A safra de inverno de 2024, que ocorreu entre junho e novembro, já havia registrado receita negativa para a maioria dos produtores, apesar da excelente qualidade do produto. Naquele período, o clima favorável — com calor e baixa incidência de chuvas — elevou a produtividade, levando a um excesso de oferta que derrubou os preços para até R$ 0,22/kg. O escoamento foi prejudicado em razão da oferta elevada tanto em Minas Gerais quanto em outras regiões produtoras do país, superando a demanda.
Para a safra de inverno de 2025, o cenário preocupa novamente. O bom desenvolvimento das lavouras pode levar a um novo excesso produtivo, e os preços seguem baixos, ampliando o risco de prejuízos.