Fruticultura

Tarifaço dos EUA atinge produtores de manga em plena janela de exportações, avalia Cepea/Hortifruti

Inviabilidade de atender o mercado norte-americano pode elevar a oferta interna e pressionar ainda mais os preços pagos ao produtor

Foto: Wenderson Araujo/CNA
Foto: Wenderson Araujo/CNA

O anúncio da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto, tem gerado forte apreensão entre diversos setores da economia nacional. No segmento de frutas, que em 2024 destinou cerca de 6% do volume exportado e 10% da receita (FOB) ao mercado norte-americano, a mangicultura é uma das cadeias mais afetadas.

De acordo com avaliação da equipe Hortifruti/Cepea, a medida chega justamente no momento em que os produtores e exportadores do Vale do São Francisco (BA/PE) se organizam para o início da principal janela de exportações para os EUA, que ocorre entre agosto e outubro. Somente nesse período, no ano passado, os embarques de manga para o país norte-americano representaram mais de 20% do total exportado, tanto em receita quanto em volume.

Diante do novo cenário comercial, as negociações com os Estados Unidos foram paralisadas até o momento, à espera de eventuais articulações diplomáticas e institucionais que possam mitigar os efeitos das novas tarifas. Apesar da possibilidade de redirecionar parte da produção para mercados alternativos, como a Europa e países sul-americanos, a capacidade de absorção desses destinos ainda é limitada diante do volume que tradicionalmente é escoado para os Estados Unidos.

Internamente, o impacto pode ser significativo. A impossibilidade de exportar deve aumentar a oferta da fruta no mercado doméstico, pressionando ainda mais os preços pagos ao produtor — que já vêm registrando quedas nas últimas semanas. O cenário preocupa principalmente os pequenos produtores, que veem nas vendas para empresas exportadoras uma oportunidade essencial para melhorar suas margens durante a safra de pico.

A depender da evolução do impasse comercial, o setor teme que o escoamento interno não seja suficiente para equilibrar a balança entre oferta e demanda, gerando perdas econômicas relevantes em uma das principais cadeias frutícolas de exportação do Brasil.