
O aproveitamento do lodo de esgoto como fertilizante na agricultura será um dos temas centrais do Conexão Abisolo 2025, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), evento que acontece nos dias 22 e 23 de outubro, no Expo D. Pedro, em Campinas (SP).
A proposta é mostrar como o resíduo tratado pode se transformar em fertilizante orgânico composto, fortalecendo a economia circular e reduzindo a dependência brasileira de fertilizantes minerais importados.
A discussão será conduzida pelo pesquisador Thiago Assis Rodrigues Nogueira, da Unesp/FCAV, no dia 23 de outubro, às 13h15. Ele apresentará resultados de estudos de longa duração e avanços técnicos que comprovam a viabilidade do uso agrícola do lodo de esgoto.
Saneamento e agricultura
O uso do lodo de esgoto como insumo agrícola ainda é limitado no Brasil — apenas 3% do volume coletado é destinado à agricultura. No entanto, estudos apontam que, quando tratado e compostado corretamente, o material é rico em nutrientes e matéria orgânica, podendo melhorar significativamente a fertilidade do solo e reduzir custos com adubação.
Segundo Nogueira, é preciso superar barreiras culturais e ampliar o conhecimento técnico sobre o tema as vantagens do lodo como fertilizante orgânico. “O lodo de esgoto, quando devidamente tratado, é seguro, eficiente e sustentável. Pode contribuir para diminuir a dependência de fertilizantes minerais e fechar o ciclo da economia circular”, explica o pesquisador.
Entre os resultados que serão apresentados no evento, destaca-se um estudo de longa duração iniciado em 1997, na cidade de Jaboticabal (SP), onde o lodo tem sido aplicado em lavouras de milho há 29 anos.
Os dados mostram baixos teores de metais pesados, sem risco de contaminação das plantas, e comprovam a segurança do uso contínuo do material. Além disso, o processo de compostagem eleva a temperatura do lodo, eliminando patógenos e garantindo qualidade sanitária para uso agrícola.
O resultado é um fertilizante orgânico composto que melhora a retenção de água, a atividade biológica do solo e a disponibilidade de nutrientes, essenciais em solos brasileiros, muitas vezes pobres em matéria orgânica.
Benefícios ambientais e econômicos
O pesquisador destaca que o uso do lodo na agricultura traz ganhos ambientais diretos, como o sequestro de carbono e a redução da destinação inadequada de resíduos urbanos.
Além de reduzir impactos ambientais, a prática de utilizar fertilizantes orgânicos pode gerar economia aos produtores rurais, principalmente os localizados próximos a estações de tratamento de esgoto (ETEs), onde o insumo pode ser obtido com custo acessível.
“O Brasil não conseguiria atender toda a demanda agrícola apenas com resíduos orgânicos, mas o lodo tratado pode atender regiões estratégicas, com resultados comprovados e benefícios claros para o produtor e para a sociedade”, afirma Nogueira.
Promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), o Conexão Abisolo 2025 é um dos principais pontos de encontro entre pesquisadores, técnicos e produtores rurais interessados em soluções sustentáveis para o agronegócio.
O evento contará com palestras, painéis e exposição de tecnologias voltadas à nutrição vegetal, fertilizantes e manejo do solo.