
A colheita da segunda safra de milho 2024/25 entra em sua fase final com números positivos e perspectivas de recorde. Somando a safra de verão, a DATAGRO Grãos estima uma produção de 137,8 milhões de toneladas no ciclo vigente, consolidando o Brasil como o segundo maior exportador global do cereal, atrás somente dos Estados Unidos.
Segundo levantamento da consultoria, a colheita do milho de inverno no Centro-Sul atingiu 91,3% da área projetada até 15 de agosto, após avanço semanal de 5,2 pontos percentuais. No mesmo período do ano passado, os trabalhos estavam em 97,5%, enquanto a média dos últimos cinco anos é de 83,1%. A expectativa é de que a safra alcance 112,3 milhões de toneladas.
No Mato Grosso, principal produtor, os trabalhos já foram concluídos, com produção estimada em 53,6 milhões de toneladas. No Paraná, segundo maior estado produtor, a colheita chegou a 89,0% da área estimada, frente a uma expectativa de 16,8 milhões de toneladas. O ritmo supera com folga a média histórica de 65,4% para o período.
O clima deve seguir colaborando: o veranico previsto para os próximos dias deve acelerar os trabalhos, conforme relatado pelo Broto.
Comercialização e logística
Com a colheita avançada, as atenções se voltam para a logística de exportação. Tradicionalmente, agosto e setembro marcam a transição da soja para o milho como protagonista na pauta exportadora brasileira.
Na semana encerrada em 15 de agosto, a média do frete rodoviário nas principais rotas monitoradas pela DATAGRO foi de R$ 232,50 por tonelada, aumento de 0,9% em relação à semana anterior e de 3,1% em um mês.
“À medida que os trabalhos de colheita do milho avançam, a necessidade de escoamento da produção tende a aumentar, o que eleva a pressão sobre a logística e já movimenta as cotações”, destacou a DATAGRO Grãos.
Em termos de comercialização, 48,2% da safra de inverno já foi vendida, o equivalente a 48,7 milhões de toneladas, contra 46,9% no mesmo período de 2024. A safra de verão, já colhida e responsável por cerca de 20% da produção total, registrava vendas de 71,9% até 1º de agosto (14,3 milhões de toneladas).
“Apesar do avanço, ainda há preocupações pontuais com relação à armazenagem e à liquidez mais moderada no mercado”, completa.
Preços internos e exportações
Os preços internos permanecem em estabilidade. Na referência de Campinas (SP), a saca de milho fechou a R$ 65,00 em 19 de agosto, com compradores aguardando maior competitividade para exportação.
Apesar do avanço dos embarques, a diferença entre o preço doméstico e a paridade de exportação segue como entrave. Até o início de agosto, a referência base de Campinas (SP) seguia acima da paridade de exportação, o que mantém reduzidos os incentivos para exportação do cereal.
Safra de milho 2025/26: expectativa de nova alta
Para a próxima temporada, a DATAGRO projeta expansão da área plantada com milho tanto na safra de verão quanto na de inverno.
- Safra de milho verão (1ª safra): área deve atingir 4,0 milhões de hectares (ante 3,8 mi ha em 2024/25), com produção potencial de 27,4 milhões de toneladas, 8% acima da safra colhida em 2025.
- Safra de milho de inverno (2ª safra, ou safrinha): estimativa preliminar de 18,6 milhões de hectares, 2% acima do ciclo anterior. A produção pode alcançar 113,4 milhões de toneladas, 1% maior do que as 112,3 milhões projetadas neste ciclo.
Somadas, as duas safras indicam uma área de 22,6 milhões de hectares e produção recorde de 140,9 milhões de toneladas em 2025/26, cerca de 2% acima do volume atual.
“Considerando o clima regular, o Brasil tem potencial para renovar novamente seu recorde de produção de milho”, projeta a DATAGRO.