A produção de castanha-da-amazônia, conhecida como castanha-do-brasil e castanha-do-pará, passa por uma forte queda na safra 2024/25, de acordo com a Embrapa em nota divulgada nesta terça-feira (8). A entidade avalia que a queda no rendimento está ligada à seca severa e ao aumento das temperaturas, que foram agravados pelo fenômeno climático El Niño. Para diminuir os riscos na lavoura, especialistas da Embrapa indicam medidas de adaptação.
A Amazônia passou por um dos períodos de seca mais intensos dos últimos 40 anos, efeito causado principalmente pelo El Niño, que ocorreu entre agosto de 2023 e maio de 2024. “O ciclo reprodutivo da castanheira-da-amazônia é longo e sensível às variações climáticas. A floração ocorre anualmente, durando de quatro a seis meses, geralmente no fim da estação seca e início da chuva. Já a maturação dos frutos leva de nove a treze meses,” afirma Carolina Volkmer de Castilho, pesquisadora da Embrapa Roraima.
Para solucionar a queda, a Embrapa afirma que o manejo e a renovação dos castanhais são medidas urgentes, já que as castanheiras mais velhas estão morrendo, enquanto as mais jovens são mais resistentes aos eventos climáticos extremos. Pesquisas da entidade mostram que algumas técnicas realizadas por comunidades extrativistas podem auxiliar na produtividade da cultura.
Boas práticas para a castanha-do-pará
O corte de cipós, por exemplo, pode ampliar em até 30% a produção de castanheiras que estejam infestadas, de acordo com a Embrapa. Além disso, a técnica de produção de mudas em mini estufas – tema abordado em um curso de educação à distância da empresa –, e o modelo de manejo “Castanha na Roça”, que concilia a agricultura com produção florestal, podem ser determinantes para assegurar o rendimento da safra.
Apesar do atual declínio na produtividade, pesquisadores da Embrapa estimam uma superprodução na safra 2025/2026, fenômeno que já observado após uma crise similar na cultura da castanha-da-amazônia em 2017. “Esse aumento na produção ocorre porque as castanheiras tendem a compensar os períodos de baixa produtividade com maior frutificação nos anos seguintes, aliado aos efeitos climáticos do fenômeno La Niña”, disse Patrícia da Costa, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente.