
Um estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) investiga o potencial da castanha de caju-do-cerrado na criação de bebidas vegetais fermentadas e pastas tipo spread. A pesquisa é financiada pela Fapemat (Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso) e integra o edital “Doutorado com Produto Tecnológico”.
Coordenado pelo doutorando Cézar da Silva Guerra, o projeto busca demonstrar a viabilidade técnica e econômica de novos produtos derivados da amêndoa do caju nativo, promovendo a valorização do cajueiro do Cerrado, ainda pouco explorado comercialmente na região Centro-Oeste.
Segundo o pesquisador, o estudo também visa contribuir com a divulgação científica, fortalecer a cadeia produtiva da castanha, e ampliar alternativas sustentáveis de geração de renda no campo.
“Embora o Anacardium occidentale, tradicionalmente cultivado no Nordeste, seja amplamente explorado e comercializado, o cajueiro presente no Cerrado mato-grossense permanece pouco aproveitado do ponto de vista comercial. Além disso, as informações técnicas relacionadas à propagação, manejo e aproveitamento de seus frutos ainda são escassas e pouco difundidas no Estado”, afirma o pesquisador.
Para produzir as bebidas, a amêndoa do caju-do-cerrado é triturada, filtrada, tratada termicamente e fermentada com cepas probióticas. Já as pastas vegetais são feitas com amêndoas trituradas a seco, combinadas com óleo de coco extravirgem, cacau 50%, lecitina de soja, açúcar e água — resultando em um produto com textura cremosa, sabor agradável e longa vida útil.
Essas formulações não apenas agregam valor nutricional, como também representam uma nova frente para o mercado de alimentos plant-based no Brasil.
A pesquisa pode abrir caminho para o aproveitamento mais amplo do caju nativo do Cerrado, uma espécie do gênero Anacardium, ainda subutilizada e pouco estudada. Estima-se que 30% das amêndoas são quebradas durante o beneficiamento, o que reduz seu valor comercial — mas também representa uma oportunidade para o desenvolvimento de novos alimentos processados.
O Brasil já foi líder global na exportação da castanha de caju, mas hoje ocupa posições atrás de Índia e Vietnã.