
O PIB da cadeia produtiva da soja e do biodiesel, parte importante do agronegócio brasileiro, deve registrar alta de 11,29% em 2025, segundo estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Caso a estimativa se confirme, o segmento será responsável por 21,1% do PIB do agronegócio e 6,1% do PIB nacional neste ano.
Safra recorde e industrialização
A previsão otimista é sustentada pela colheita recorde de soja na safra 2024/25, estimada em 170,3 mi de toneladas, conforme dados da Abiove. O aumento da área plantada e os ganhos de produtividade — impulsionados por avanços tecnológicos e condições climáticas favoráveis — explicam o resultado histórico dentro das porteiras.
Na agroindústria, o PIB deve avançar 4,02%, puxado pelo esmagamento recorde de soja. A demanda por óleo de soja segue em expansão, especialmente para produção de biodiesel, favorecida pela elevação da mistura obrigatória do biodiesel ao diesel para 15% (B15), vigente desde 1º de agosto de 2025.
Esse cenário reforça a tendência de maior processamento interno da soja, agregando valor à produção nacional e reduzindo a dependência de exportações apenas do grão in natura.
Agrosserviços e insumos
De acordo com o levantamento, o PIB dos agrosserviços — que inclui transporte, armazenagem e comercialização — deve crescer quase 9% neste ano. Já o segmento de insumos agrícolas apresenta alta de 2,72%, refletindo o aumento no uso de tecnologias, fertilizantes e defensivos na produção de soja.
Os pesquisadores destacam que o PIB gerado por tonelada de soja produzida e processada é 4,45 vezes maior do que o da soja exportada diretamente, o que reforça o impacto positivo da industrialização e agregação de valor na cadeia produtiva.
Mercado de trabalho rural
Os preços da cadeia da soja permaneceram relativamente estáveis no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, após fortes altas no ano anterior. A leve desvalorização de produtos agroindustriais no segundo trimestre também contribuiu para essa estabilidade.
No mercado de trabalho rural, a cadeia da soja e do biodiesel emprega atualmente 2,327 mi de trabalhadores, alta de 4,2% em relação a 2024. O setor representa 10% dos empregos no agronegócio nacional e 2,27% do total da economia brasileira.
Dentro da porteira, houve redução de 15,6% no número de ocupações, indicando ganho de produtividade do trabalho. Já os agrosserviços tiveram o maior avanço, com aumento de quase 10% nas contratações, impulsionado pelo maior volume de produção e processamento do grão.
Exportações seguem firmes, mas receita cai
As exportações da cadeia da soja e do biodiesel somaram 49,68 mi de toneladas no segundo trimestre de 2025, 1,5% acima do volume embarcado no mesmo período de 2024. Apesar disso, a receita caiu 8,3%, totalizando US$ 19,47 bilhões, devido à queda nos preços internacionais da soja em grão (–9,56%) e do farelo (–15,7%).
O óleo de soja foi o destaque positivo, com alta de 9,56% no preço médio de exportação, impulsionado pela forte demanda da Índia, que segue como principal destino, respondendo por mais de 70% do volume exportado.
A China se mantém como maior compradora da soja em grão, enquanto a União Europeia e o Sudeste Asiático seguem como importantes mercados para o farelo.
Segundo o Cepea e a Abiove, a safra mundial 2024/25 recorde contribuiu para pressionar os preços. As projeções para 2025/26 indicam nova expansão da produção global e estoques confortáveis, o que deve manter o mercado internacional do agronegócio competitivo.