Segundo o entomologista Jacob Crosariol Netto, a incidência de lagartas em biotecnologia ‘Viptera’, em algodão e milho, tem sido recorrente em diversos estados do país, como na Bahia e no Mato Grosso. Para o pesquisador do IMA (Instituto Mato-Grossense do Algodão), esse cenário, de imediato, impacta desfavoravelmente nos custos do produtor.
“Ele já paga o royalty da semente que planta e, dependendo da infestação e da área atacada, tende a fazer agora de duas a três aplicações de inseticidas para controle de lagartas. Como o preço do milho oscila muito, esse cenário preocupa”, completa o pesquisador.
Aplicações extras aumentam os custos de produção
Segundo Crosariol Netto, a necessidade de aplicar inseticidas em biotecnologias que até pouco tempo atrás controlavam às principais lagartas, como Helicoverpa e Spodoptera frugiperda, deverá representar um custo adicional por hectare aos produtores de milho e algodão.
Aos produtores, neste momento, o pesquisador do IMA enfatiza a importância do monitoramento.
“É a principal recomendação, identificar a infestação inicial e acompanhar se o dano está evoluindo. Ao atingir o nível de controle, será preciso fazer aplicação de inseticida”, complementa Crosariol Netto.
Ele salienta, também, que o controle das lagartas resistentes à tecnologia Viptera tem se mostrado mais eficaz por meio de aplicações de inseticidas químicos e biológicos, entre estes os baculovírus.
Clima favorece surgimento de lagartas e quebra de resistência preocupa
Além disso, Crosariol Netto destaca que nesta época de março até abril, já não há tanta chuva nas principais regiões produtoras, cenário que potencializa o surgimento de lagartas.
O pesquisador acrescenta que observou a quebra da resistência do milho Viptera à Spodoptera praticamente em todas as regiões produtoras do Mato Grosso.
“A resistência de lagartas à tecnologia Viptera é uma realidade”, enfatiza o pesquisador. Ele alerta ainda para o fato de a Spodoptera contar com potencial para ocasionar prejuízos significativos.
“Trata-se de uma praga cujo dano na cultura do milho evolui muito rápido. Em termos de produtividade, se o produtor perder a mão, não controlada, a lagarta detém capacidade para pôr abaixo uma lavoura, trazendo de 80% a 100% em perdas.”
Nova biotecnologia deve chegar ao mercado apenas em 2030
Ainda de acordo com Crosariol Netto, uma nova biotecnologia capaz de deter com eficácia as lagartas em algodão e milho deverá chegar ao mercado somente por volta de 2030. Enquanto isso, ele observa, o produtor deve aderir às medidas de manejo disponíveis, idealmente rotacionando inseticidas químicos e biológicos.