O presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio (ABMR&A), Ricardo Nicodemos, adiantou, nesta quinta-feira (18), em entrevista exclusiva para o Broto Notícias, nos bastidores de congresso realizado pela entidade, na capital paulista, que as primeiras ações do projeto “Marca Agro do Brasil“, dedicado a trabalhar a imagem e reputação do agronegócio com a sociedade, em particular o público urbano, começarão a ser veiculadas na mídia online e offline até o final do primeiro trimestre de 2026.
“A iniciativa foi toda estruturada com base na pesquisa ‘Percepções sobre o agro: o que pensa o brasileiro‘, realizada em todo o país, e que buscou apurar a percepção das pessoas sobre o agro, como elas enxergam o setor do ponto de vista econômico, social e ambiental“, ressaltou Nicodemos. Segundo o dirigente, o levantamento foi desenvolvido a partir de rigorosos critérios internacionais de pesquisa, com o apoio de especialistas de renomadas instituições como Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), Fundação Dom Cabral (FDC) e Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
“A partir deste diagnóstico, iremos desenvolver uma série de esforços de comunicação, que terão como proposta reconectar a cidade com o campo, despertar a admiração e orgulho do brasileiro pelo agro, buscando fazer do segmento uma paixão nacional“, assinalou, acrescentando que “a abordagem será primordialmente amistosa, sem traços de revanchismo, algo de nós contra eles”.
Na agenda interna do segmento, Nicodemos destacou que as empresas do agro em geral precisam compreender a importância do mix de comunicação. “Um único meio, seja ele rádio, televisão, revista, jornal, internet, entre outros, não constrói marca.” O presidente da ABMR&A acentuou que o produtor rural, como qualquer pessoa, também é um consumidor de tantos outros itens e que, diante desta lógica, os anunciantes de produtos e serviços no agro precisam acompanhar esta ampla jornada de entrega da informação e de diálogo de comunicação.
Já do ponto de vista de conteúdo, o dirigente registrou que transformações já são observadas e avançam, no sentido da troca de uma linguagem de caráter técnico por uma mais didática, abrangente, conectada com o dia a dia, que fala de sustentabilidade, por exemplo, entre outras temáticas. “Quanto mais fluída for a comunicação, mais simples, mais eficácia ela terá para entregar a mensagem.”
Hábitos de mídia do produtor rural
No evento, o 17º Congresso do Agro ABMRA, foram apresentados alguns dados preliminares acerca dos hábitos de mídia do produtor rural, que serão divulgados por completo na 9ª Pesquisa ABMRA referente ao assunto, com lançamento previsto para novembro.
O levantamento ouviu 3.100 produtores rurais em 16 estados brasileiros, abrangendo 15 culturas agrícolas e 4 rebanhos de produção. Entre as revelações iniciais do trabalho, verifica-se que a televisão aberta, que em 2013 alcançava 95% dos produtores, hoje ainda mantém relevância, mas caiu para 80%. No mesmo período, o digital se impôs de forma contundente, chegando a 98% de adoção entre os produtores.
Em 2021, três em cada quatro produtores já usavam o WhatsApp como fonte de informação, número que agora salta para quase a totalidade. Ademais, sites especializados do setor cresceram de 35% para 66%, e até o Facebook, em queda em outros segmentos, ainda registra crescimento no agro, subindo de 30% para 39%. “Este avanço do digital indica que a comunicação com o produtor exige novas estratégias, mais segmentadas, dinâmicas e aderentes à realidade conectada do campo brasileiro“, finaliza Nicodemos.