
O plantio da nova safra verão de grãos 2025/26 já começou em muitas regiões do país, e o setor de fertilizantes descarta qualquer tipo de desabastecimento diante da atual conjuntura geopolítica global desafiadora, sobretudo pós-tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foi o que a reportagem do Broto apurou junto a executivos do segmento e autoridades do Ministério da Agricultura (Mapa) no mais recente Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado no começo de setembro, na capital paulista.
A preocupação é pertinente haja vista a alta dependência do Brasil – mais de 80% – da importação de matérias-primas para fabricação de fertilizantes. A guerra tarifária desencadeada pelo governo Trump, bem como conflitos no Oriente Médio e no Leste Europeu trazem incertezas para o fluxo mundial do comércio do insumo, quadro que pode impactar e trazer riscos ao agro brasileiro.
“O mercado está bem abastecido. As projeções são de clima favorável para o início da semeadura da safra e a expectativa é de um começo de ciclo bem aquecido em termos de entregas de fertilizantes ao produtor”, assinala o diretor de distribuição sênior da Mosaic, Gabriel Gimeno.
Balanço da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) revela que, no primeiro semestre, as entregas de fertilizantes ao mercado brasileiro totalizaram 20,14 milhões de toneladas, um aumento de 10,5% em relação ao mesmo período de 2024. Na mesma base comparativa, as importações somaram 18,47 milhões de toneladas, crescimento de 10,3%. Para o fechamento de 2025, a entidade prevê que o volume de fertilizantes entregue no campo alcance 48 milhões de toneladas, superando o montante de 45 milhões do ano passado.
Segundo Gimeno, no caso da soja, estima-se que o Brasil ainda possui cerca de 10% do volume de fertilizantes esperados para serem negociados, e o momento é favorável ao produtor, conforme mostra a mais recente leitura de indicador de acompanhamento de mercado elaborado pela Mosaic. O Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF) mostra melhora no poder de compra do agricultor para aquisição do insumo, devido à valorização das commodities e recuo nas cotações dos fertilizantes no fechamento de agosto. “Nesta agenda, vejo as operações de barter como alternativa interessante para o produtor ter acesso aos insumos”, comenta o executivo.
Nesta modalidade, o agricultor obtém produtos e/ou serviços para a implantação e manejo da lavoura, como sementes, defensivos, fertilizantes, assistência técnica e extensão rural junto a revendas de insumos ou tradings em troca da entrega futura da produção.
Na avaliação do presidente da Galvani, Marcelo Silvestre, o mercado tem oferta suficiente de fertilizantes para atender o produtor sem nenhum sobressalto nesta nova temporada. “Não há risco de desabastecimento”, observa.
Estruturalmente, no entanto, para diminuir a dependência externa, o desafio maior do Brasil é, de fato, aumentar a produção nacional. “Projetamos a necessidade de 10 milhões de toneladas a mais de fertilizantes nos próximos dez anos, tendo como base os números de 2025“, diz o assessor executivo do Mapa, José Carlos Polidoro. “Nesse sentido, acreditamos no avanço do Plano Nacional de Fertilizantes para dar arranque e viabilizar novos projetos de produção doméstica“, acrescenta.
Para se ter ideia dessa necessidade, a produção nacional no primeiro semestre, de 3,51 milhões de toneladas, não atingiu um quarto do que foi entregue no campo – cerca de 20 milhões.
Se você ainda não adquiriu seus insumos para a nova safra verão de grãos 2025/26, recomendamos a leitura desse artigo, no qual explicamos como escolher os melhores fornecedores de insumos agrícolas.