
Resumo da notícia
- Plantio da soja 2025/26 chega a quase 94% da área, ainda abaixo de 2024 e da média histórica.
- DATAGRO projeta safra recorde de 182,9 milhões de toneladas, alta de cerca de 5% sobre o ciclo anterior.
- Exportações devem alcançar 118 milhões de toneladas, mantendo o Brasil como maior exportador global.
- Comercialização segue atrasada, com apenas 28,3% da produção vendida até início de dezembro.
- Mercado deve seguir volátil em dezembro, com pressão externa e desafios fiscais e logísticos no Brasil.
O plantio da safra 2025/26 de soja no Brasil está virtualmente concluído. Segundo dados mais recentes da DATAGRO Grãos, até 12 de dezembro quase 94% da área projetada já havia sido semeada. Apesar da evolução, o ritmo segue abaixo do observado no mesmo período de 2024, quando 97,0% da área já estava plantada, e também inferior à média histórica de 96,6%.
Os trabalhos de campo ainda apresentam atrasos pontuais em estados como Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Maranhão. Em sentido oposto, Minas Gerais e Bahia registram avanço acima da média nacional. De acordo com a DATAGRO, a falta de chuvas nos últimos dias, especialmente no Centro-Sul, impactou o andamento do plantio. A expectativa, no entanto, é de normalização das condições de umidade com a confirmação das chuvas previstas para dezembro.
Mesmo com os ajustes no calendário agrícola, as projeções para a produção seguem robustas. Para a safra 2025/26, a DATAGRO estima que o Brasil colha um volume recorde de 182,9 milhões de toneladas de soja. A área plantada é estimada em 49.252 milhões de hectares, com produtividade média projetada de 3.713 kg por hectare. Caso se confirme, a colheita será cerca de 5% superior à safra revisada do ciclo anterior, de 173,5 milhões de toneladas.
Do total produzido, a DATAGRO projeta que 118,0 milhões de toneladas sejam destinadas à exportação, mantendo o Brasil, com folga, na posição de maior exportador global da oleaginosa.
O crescimento da área ocorre de forma relativamente homogênea entre as regiões produtoras, com destaque para o Rio Grande do Sul. Após os severos impactos das chuvas no ciclo passado, o estado deve alcançar uma produção de 22,74 milhões de toneladas, com produtividade média estimada em 3.300 kg/hectare.
As projeções da DATAGRO superam as estimativas de outros órgãos. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta uma safra brasileira de 175,0 milhões de toneladas, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima produção de 177,0 milhões de toneladas.
Comercialização segue atrasada, mas rentabilidade permanece positiva
No campo da comercialização, o ritmo de vendas antecipadas da safra 2025/26 segue mais lento. Até 5 de dezembro, os produtores brasileiros haviam negociado 28,3% da produção estimada, percentual inferior aos 32,6% registrados no mesmo período do ano passado e à média dos últimos cinco anos, de 33,7%.
Considerando a atual estimativa de produção da DATAGRO, isso representa cerca de 51,7 milhões de toneladas já comercializadas. Apesar do atraso nas vendas, a consultoria avalia que a lucratividade bruta da soja na temporada deverá ser majoritariamente positiva, marcando o 20º ano consecutivo de resultado favorável para a maior parte das regiões produtoras.
Segundo a DATAGRO, esse cenário reflete a combinação entre custos de produção, produtividade esperada e receitas projetadas, que ainda sustentam margens brutas relativamente favoráveis. As estimativas iniciais apontam lucratividade bruta de 46% no oeste do Paraná, 17% no sul do Mato Grosso e 25% no sudoeste de Goiás. Recuperações mais expressivas são esperadas no norte do Rio Grande do Sul, que deve sair de margem negativa na safra passada para 25%, e no sul do Mato Grosso do Sul, onde a margem deve avançar de 13% para 21%.
Mercado deve seguir volátil em dezembro
Para a segunda quinzena de dezembro, a avaliação da DATAGRO é de continuidade da volatilidade observada em novembro.
No mercado internacional, os exportadores brasileiros devem enfrentar um ambiente ainda pressionado. O cenário combina uma demanda global mais aquecida, reflexo de uma safra 2025/26 menor nos Estados Unidos, com níveis elevados de estoques norte-americanos. Também segue no radar a possível retomada da demanda dos EUA, diante da expectativa de compras chinesas após o fechamento do acordo comercial entre os dois países.
Apesar do acordo, a consultoria destaca que o ambiente externo permanece tenso. As compras chinesas seguem abaixo das 12 milhões de toneladas prometidas, enquanto a oferta global continua em expansão na América do Sul e em outras regiões produtoras. Para 2025/26, a expectativa é de relativa estabilidade na produção mundial.
No cenário doméstico, o Brasil convive com projeções de crescimento mais moderado do Produto Interno Bruto, elevado desequilíbrio fiscal e dificuldades no fluxo de entrada de divisas na comparação anual. Por outro lado, o consumo interno e externo do complexo soja permanece firme, com destaque para o óleo, impulsionado pela adoção da mistura obrigatória de biodiesel B15 a partir de primeiro de agosto. Também entram no radar os desafios logísticos, como fretes e armazenagem, diante de mais uma colheita recorde.
A baixa disposição de venda por parte dos produtores, aliada à demanda sólida para processamento e exportação, tende a manter um mercado bastante regionalizado. “Com essa combinação de variáveis, a indicação é de continuidade da elevada regionalização no mercado interno, mas com alguma expectativa de alta nos preços da soja ao longo de dezembro”, conclui a DATAGRO.