Fruticultura

Brasil passa a ter zoneamento climático em todos os municípios para produção de abacaxi

Nova portaria do Mapa orienta produtores com base em dados científicos, ampliando segurança e produtividade do cultivo

Foto: Junghans Davi Theodoro/Embrapa
Foto: Junghans Davi Theodoro/Embrapa

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou nesta terça-feira (13) o primeiro Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) com abrangência nacional para a cultura do abacaxi. Desenvolvido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, o novo Zarc orienta os produtores de todos os municípios do Brasil quanto às melhores condições de plantio, com base em dados científicos e históricos, promovendo maior produtividade e menor risco climático.

A nova versão do Zarc atualiza e expande a edição anterior (2012), com três principais avanços:

Classificação de risco por fases do cultivo

O zoneamento agora adota três níveis de risco climático (20%, 30% e 40%), aplicados a quatro fases do desenvolvimento da cultura:

  • Fase 1: implantação e desenvolvimento inicial;
  • Fase 2: crescimento vegetativo;
  • Fase 3: indução floral e início da frutificação;
  • Fase 4: desenvolvimento do fruto até a colheita.

Segundo o pesquisador Mauricio Coelho, coordenador técnico do Zarc Abacaxi, essa segmentação permite uma análise mais precisa do impacto climático em cada etapa do cultivo.

Mais classes de solos, com foco na água disponível

A nova versão amplia as classes de água disponível no solo, de 3 para 6 categorias, considerando variações de 34 a 184 mm por metro de profundidade. A classificação mais detalhada leva em conta diferentes texturas e capacidades de retenção hídrica dos solos brasileiros.

“Quanto menor a capacidade de armazenamento de água no solo, maior o risco climático. Mas o excesso de água também é prejudicial, já que o abacaxi não tolera encharcamento”, explica Coelho.

Além disso, áreas com tendência a acúmulo prolongado de água ou frequência de geadas, especialmente acima de 1.000 metros de altitude, também foram consideradas inadequadas para o cultivo.

Adequação às variedades cultivadas no Brasil

Pela primeira vez, o Zarc considera as exigências específicas das principais variedades de abacaxi plantadas no país, divididas em dois grupos:

  • Grupo 1 (mais rústicos): Pérola, Turiaçu e Smooth Cayenne;
  • Grupo 2 (mais sensível): BRS Imperial.

A categorização auxilia os produtores a escolherem o melhor momento e local de plantio com base no comportamento de cada variedade diante dos fatores climáticos.

A portaria do Mapa também estabelece que o plantio de novas áreas com novas variedades deve utilizar mudas produzidas em viveiros credenciados, conforme a Lei nº 10.711/2003 e o Decreto nº 5.153/2004, que regulamentam a produção e comercialização de sementes e mudas no Brasil.

Benefícios esperados

O novo Zarc nacional para o abacaxi representa um avanço técnico e estratégico para a fruticultura brasileira, oferecendo:

  • Maior segurança climática;
  • Calendários de plantio ajustados por região;
  • Redução de perdas e aumento da produtividade;
  • Apoio ao produtor em regiões vulneráveis, como o Semiárido.