Manejo sustentável

Açaí do Marajó pode quadruplicar renda de famílias extrativistas

Projeto da Emater, em parceria com a Embrapa garante mais produtividade, renda e segurança alimentar nas várzeas do Pará

Foto: Emater/Pará
Foto: Emater/Pará

O açaí do Marajó está se tornando um exemplo de como o manejo sustentável pode gerar mais renda, produtividade e segurança alimentar para famílias extrativistas.

Em Afuá (PA), no arquipélago do Marajó, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), em parceria com a Embrapa e organismos internacionais, acompanha produtores que já começam a ver os resultados dessa transformação.

Hoje, cada família cultiva cerca de dois hectares de açaí e fatura em média até R$ 30 mil por ano com a venda do fruto in natura, principalmente para o estado do Amapá. Com as novas técnicas, essa renda pode quadruplicar em até quatro anos.

Manejo sustentável aumenta produtividade e prolonga safra

O projeto “Bem Diverso”, coordenado pela Embrapa com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), introduziu práticas como:

  • Roçagem e limpeza dos açaizais;
  • Compatibilização de espécies;
  • Preservação ambiental.

Essas medidas permitem colher durante dez meses do ano (novembro a agosto), reduzindo custos de mão de obra e garantindo renda contínua.

Capacitação e tecnologia para famílias extrativistas

Em agosto, a Emater e a Embrapa, junto da Cooperativa Bio+Açaí e da Prefeitura de Afuá, promoveram a Oficina de Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos.

O evento reuniu 62 famílias de assentamentos federais, que receberam treinamento prático e kits de equipamentos de proteção individual (EPIs) avaliados em até R$ 300. A capacitação é apontada como essencial para aumentar a qualidade do fruto, melhorar a coleta e elevar a produtividade.

Cooperativismo fortalece comunidades do Marajó

O projeto também estimula a organização social. A recém-criada Cooperativa Agroextrativista de Afuá (Coop Brasil) reúne 23 associados de quatro comunidades ribeirinhas.

Liderada por Janilson Pureza, a cooperativa busca agregar valor ao açaí e abrir novos mercados.

“O manejo faz toda a diferença: o produto melhora, a coleta fica mais fácil e a produtividade cresce. Isso transforma a vida da comunidade”, afirma Janilson.

Mais do que uma fonte de renda, o açaí é símbolo da cultura amazônica e ganha cada vez mais espaço como motor do desenvolvimento sustentável. Para as famílias do Marajó, o fruto garante alimentação de qualidade, valorização cultural e inclusão no mercado global.