Antes de desaguar no Atlântico, o Rio Amazonas abraça uma infinidade de comunidades ribeirinhas. Uma delas, na Ilha das Cinzas, região de várzea entre o Amapá e a Ilha do Marajó (PA), agora abriga uma agroindústria amazônica que quer revolucionar a vida de centenas de famílias extrativistas da floresta. Inaugurada no último sábado (24), a nova instalação beneficiará frutos amazônicos para a produção de cosméticos, como óleo de patauá e manteigas de murumuru e ucuuba. Com isso, espera-se um salto de até 60% na renda dessas comunidades, segundo a Agência Brasil.
O local chama atenção não só pelo impacto econômico, mas pelo pioneirismo. Conforme reportagem da Agência Brasil, trata-se da primeira agroindústria construída em área de várzea e a primeira do gênero abastecida totalmente por energia solar com sistema de baterias (Bess). “É um modelo de bem-estar das famílias, nesse e em qualquer outro território isolado”, celebrou Francisco Malheiros, presidente da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (Ataic), que lidera o projeto.
Fundada por Josi e Francisco ainda na adolescência, de acordo com a reportagem, a Ataic surgiu em 2000 com foco na pesca de camarão. Com o tempo, expandiu sua atuação para o manejo sustentável de frutos amazônicos, culminando em uma parceria com a Natura em 2015. De 5 toneladas iniciais, a produção saltou para cerca de 200 toneladas anuais de murumuru, 120 de patauá e 100 de ucuuba, que antes eram vendidas como madeira barata para cabos de vassoura.
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A iniciativa também levou melhorias essenciais para a comunidade: sistemas de energia solar, tratamento de água, saneamento e eletrodomésticos que facilitaram o dia a dia. “Antes as famílias guardavam alimento com sal. Hoje têm freezer, máquina de lavar, bomba d’água”, relata Francisco.
Além da Natura, o projeto conta com a Weg, que forneceu o sistema de energia, e a W-energy, responsável pela instalação. Hoje, a Ataic atende cerca de 450 famílias e sonha com mais. “Quem sabe a gente até dobra esse número. É mais renda, mais qualidade de vida. Esse é o sonho”, finaliza Francisco.
