
É possível fazer biodefensivos agrícolas a partir de algas marinhas. É o que propõe o projeto Disbio, uma iniciativa liderada pela Unidade Embrapii Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI B&F) que aposta em algas marinhas, microrganismos marinhos e óleos essenciais como matéria-prima para o desenvolvimento de biodefensivos agrícolas. A ideia é substituir insumos convencionais no controle de pragas como a lagarta-do-cartucho e o percevejo-marrom, especialmente nas culturas da soja e do milho.
Com a Unidade Embrapii Instituto Senai de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa) como coexecutora estratégica, o Disbio funciona com o apoio de empresas privadas em um modelo de parceria chamado Basic Funding Alliance (BFA).
Além das pragas já conhecidas, o projeto também mira agentes causadores de doenças como a ferrugem asiática e a mancha-alvo. “Além de fungos fitopatogênicos agentes causais da ferrugem asiática e mancha-alvo na cultura da soja, por meio de soluções biológicas eficazes e ambientalmente seguras”, confirmou a Embrapii.
O diferencial do Disbio está na possibilidade de combinar ativos de diferentes origens naturais, como macroalgas tropicais e microrganismos marinhos, com metabólitos de plantas cultivadas. Essa abordagem cria um leque diversificado de ingredientes bioativos que pode beneficiar não apenas o agronegócio, mas também setores como o alimentício, cosmético e farmacêutico.
Segundo os pesquisadores, o projeto vai muito além do controle biológico. O mapeamento e desenvolvimento de métodos extrativos, aliado ao escalonamento dos processos, permite a descoberta de novas moléculas bioativas com potencial de uso industrial.
Entre as empresas participantes do projeto, estão a Nitro, que atua em nutrição e insumos biológicos para agricultura; a Regenera Moléculas do Mar, e a startup Kohua, responsáveis por fornecer os microrganismos e macroalgas tropicais usados nas formulações.
Para o presidente da Embrapii, Álvaro Prata, a iniciativa reforça o papel da ciência brasileira no desenvolvimento sustentável:
“A indústria nacional tem um potencial extraordinário para liderar o desenvolvimento de soluções sustentáveis e inovadoras, especialmente no setor do agronegócio”.