Agricultores familiares de Linhares (ES) estão colhendo resultados positivos com a adoção de biodigestores sertanejos, sistemas que convertem esterco e urina de animais em biogás e biofertilizante.
A iniciativa é conduzida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Como funciona a tecnologia no campo
Cinco biodigestores já foram instalados em comunidades agroecológicas:
- Três no Assentamento Sezínio Fernandes de Jesus (um com esterco de suínos e dois de bovinos).
- Dois no distrito de Farias, em Córrego Jacutinga (abastecidos com dejetos de carneiros e suínos).
O sistema gera energia limpa para cozinhar e biofertilizantes que substituem adubos químicos, reduzindo gastos e melhorando a qualidade do solo.
Depoimentos de quem já utiliza
O agricultor André Agostini, usuário desde 2023, destaca:
“Não compramos mais gás de botija. O sistema é eficaz, dá destino correto aos dejetos e ainda reduz despesas com adubação.”
Já Valdeci Campin calcula economia de R$ 2,5 mil em 18 meses:
“Funciona bem, nunca deu problema, não tem mau cheiro. E ainda produzo fertilizante para a horta, pimenteira-do-reino e café.”
Sustentabilidade e impacto econômico
Segundo Daniel Duarte, extensionista do Incaper, o biodigestor é uma tecnologia social de fácil instalação, baixo custo inicial e alto retorno.
O modelo instalado comporta até 8 m³ de dejetos, mas versões maiores podem atender propriedades com rebanhos extensos.
O biofertilizante resultante ajuda a equilibrar o solo, reduzir pragas e diminuir a dependência de insumos químicos.
Culturas como café, pimenta-do-reino, frutas e hortaliças já mostram ganhos em produtividade e sustentabilidade.
Próximos passos
Embora o projeto financiado pela Fapes tenha sido concluído, a expectativa é ampliar os estudos sobre bioinsumos e desenvolver recomendações técnicas específicas para a agricultura familiar capixaba.
“Os resultados já demonstram o potencial da tecnologia para ampliar a sustentabilidade no campo e oferecer alternativas econômicas aos agricultores”, reforça Duarte.