Sustentabilidade

Créditos de carbono podem render até US$ 21,6 bilhões à Amazônia Legal até 2030, aponta estudo

Modelo jurisdicional de REDD+ pode frear o desmatamento e transformar conservação florestal em fonte de renda para nove estados brasileiros

Amazônia
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um novo estudo divulgado nesta semana pelo Earth Innovation Institute (EII) mostra que os estados da Amazônia Legal têm potencial para arrecadar entre US$ 10,8 bilhões e US$ 21,6 bilhões com a venda de créditos de carbono entre 2023 e 2030. O valor dependerá da cotação do crédito de carbono no mercado internacional, que hoje varia entre US$ 10 e US$ 20 por tonelada de CO₂ equivalente.

A Amazônia Legal compreende 59% do território nacional e inclui os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. Segundo o estudo, a projeção anual mínima de receita, com o preço base de US$ 10 por crédito, é de US$ 1,4 bilhão para cada estado, a partir de 2026, desde que regulamentações estaduais estejam em vigor.

O modelo sugerido pelo instituto é o chamado REDD+ jurisdicional (JREDD+), que remunera governos por ações que evitam o desmatamento, promovem o manejo sustentável das florestas e aumentam os estoques de carbono. Diferente dos projetos individuais, o modelo jurisdicional considera territórios inteiros, como estados ou países, como unidades responsáveis pelas metas de redução de emissões.

Além do potencial financeiro, o estudo reforça o impacto ambiental: até 90% de redução no desmatamento até 2030 e 98% até 2050. Com isso, seria possível eliminar o desmatamento ilegal nos estados amazônicos, beneficiando não apenas o meio ambiente, mas também a imagem do Brasil no cenário internacional, segundo a pesquisa.

Outro dado relevante do levantamento: as reduções já verificadas entre 2023 e 2024, que estão sendo convertidas em créditos, podem gerar US$ 1,7 bilhão se vendidos ao preço de US$ 10/tCO₂e. O valor equivale ao total desembolsado pelo Fundo Amazônia em 16 anos de atuação.

A consolidação do modelo depende da regulamentação local e da estruturação de políticas públicas eficazes, mas os números mostram que a floresta em pé pode ser, de fato, mais valiosa do que derrubada.