A imagem representa a identificação dos tipos de solo
Foto: AS Photography/Pexels

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, e de instituições parceiras, desenvolveram modelos matemáticos capazes de estimar a densidade do solo com precisão e baixo custo, facilitando o monitoramento do carbono no solo, etapa essencial para projetos de crédito de carbono agrícola.

A inovação usa funções de pedotransferência (FPTs), que permitem calcular a densidade do solo com base em dados laboratoriais já comuns na agricultura, como teor de argila, areia, silte e carbono. Isso dispensa parte das coletas de campo, reduzindo custos e tempo de análise para produtores e empresas do setor.

O trabalho integra o Projeto PRO Carbono, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a Bayer Crop Science, e foi publicado na revista científica Geoderma Regional. Segundo os autores, o avanço coloca o Brasil na vanguarda da medição de carbono em solos agrícolas, especialmente nas áreas de grãos do Cerrado e da Mata Atlântica.

O estudo analisou mais de 8 mil amostras de solo coletadas em 47 propriedades rurais das regiões produtoras de soja e milho do Centro-Sul do Brasil. A partir desses dados, a Embrapa criou quatro novas funções matemáticas (F34 a F37), ajustadas às condições tropicais brasileiras, já que os modelos estrangeiros costumam ser baseados em solos de clima temperado.

O modelo F37, por exemplo, foi desenvolvido para camadas de solo abaixo de 30 cm, que são mais difíceis e caras de amostrar. Quando combinadas às medições superficiais, essas funções alcançaram precisão próxima de 0,99, indicando que podem estimar o estoque de carbono com segurança, o que é essencial para quem quer participar do mercado de crédito de carbono rural.

Crédito de carbono

O uso dessas funções pode reduzir os custos operacionais e ampliar a escala de projetos de carbono no solo, facilitando o acesso de produtores rurais e cooperativas a esse tipo de iniciativa.

Os testes indicam que os erros de estimativa são baixos e que, em um projeto de cinco anos, a diferença seria inferior a 7%, sem comprometer a viabilidade econômica. Além disso, o método ajuda a melhorar os inventários de emissões e a aferição das metas climáticas do Brasil, fortalecendo políticas de agricultura sustentável e de baixo carbono.