Educação

Estudantes brasileiros vencem prêmio com ideias que preservam o meio ambiente e valorizam a cultura local

Criado pelo Instituto Alana, o Prêmio Criativos da Escola + Natureza reconhece projetos escolares que unem educação ambiental e saberes tradicionais

Prêmio Criativos da Escola + Natureza
Foto: Vivian Sousa/Divulgação

No quinta-feira (5), quando o mundo voltou os olhos para a preservação ambiental, no Dia Mundial do Meio Ambiente, seis projetos de estudantes brasileiros, com propostas sustentáveis e conectadas aos saberes das populações tradicionais, venceram o Prêmio Criativos da Escola + Natureza, promovido pelo Instituto Alana.

Selecionadas entre quase 1,6 mil iniciativas inscritas, de 738 municípios brasileiros, as propostas demonstram como crianças e adolescentes podem ser agentes de mudança em suas comunidades, mesmo diante dos desafios climáticos e das desigualdades sociais. “Crianças e adolescentes são os mais afetados pelas mudanças climáticas e pela desigualdade racial, mas muitas vezes não são escutados. Este prêmio é uma forma de mudar essa lógica”, destaca Ana Cláudia Leite, especialista em educação e culturas infantis do Instituto Alana.

Os projetos premiados envolvem estudantes do ensino fundamental e médio, que agora serão contemplados com uma jornada formativa on-line, seguida por uma imersão na COP30, em Belém (PA), em novembro. Cada equipe também recebe um incentivo financeiro de R$ 12 mil, sendo R$ 10 mil para os alunos e R$ 2 mil para o educador responsável.

Na Caatinga, alunas da Escola Técnica Estadual Paulo Freire, em Carnaíba (PE), desenvolveram um filtro de baixo custo que reduz a toxicidade da manipueira, resíduo da produção de farinha de mandioca. “Elas propuseram uma solução para algo que impactava diretamente sua comunidade quilombola, ligada às casas de farinha”, explica o professor Gustavo Bezerra à Agência Brasil.

Já no Cerrado, estudantes de Codó (MA) criaram um sistema automatizado de reaproveitamento de água, coletando e filtrando o desperdício de bebedouros e torneiras para uso não potável. 

No Pantanal, a resposta aos incêndios frequentes veio em forma de arte e educação. Alunos da zona rural de Corumbá (MS) montaram uma peça teatral para orientar a população sobre prevenção e combate às queimadas. 

Na Amazônia, o projeto de alunos de Manaus (AM) promoveu a valorização dos conhecimentos indígenas no currículo escolar

No Pampa, estudantes de Porto Alegre (RS) transformaram a relação da comunidade com o Parque Saint-Hilaire a partir da leitura de Futuro Ancestral, de Ailton Krenak. O grupo criou atividades educativas e artísticas para despertar o cuidado com a natureza.

Já na Mata Atlântica, em Estância (SE), jovens do Instituto Federal desenvolveram ações com base nos saberes de marisqueiras e pescadores, como trilhas ecológicas e documentários, para fortalecer o vínculo da comunidade com a biodiversidade do mangue.

Desde 2015, o Prêmio Criativos da Escola mobiliza projetos que ampliam o olhar sobre educação e território, a partir da metodologia Design for Change, criada pela educadora indiana Kiran Bir Sethi. 

Confira a lista completa dos vencedores por bioma:

Amazônia | Projeto: “O diálogo com a natureza: Povos indígenas da Amazônia e a sustentabilidade”, do Instituto de Educação do Amazonas, de Manaus (AM);

Cerrado | Projeto: “Protótipo de Sistema de Reuso de Água na promoção da sustentabilidade e o uso responsável dos recursos naturais”, do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, em Codó (MA);

Caatinga | Projeto:“Filtropinha: dos resíduos aos recursos”, da Escola Técnica Estadual Paulo Freire, de Carnaíba (PE);

Mata Atlântica | Projeto:”Ecotech”, do Instituto Federal de Sergipe, de Estância (SE);

Pampa | Projeto: “Colocar o coração no ritmo da Terra: reflorestando mentes e corações”, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint-Hilaire, em Porto Alegre (RS);

Pantanal | Projeto: “Queimadas no Pantanal”, da Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo Sebastião Rolon – Extensão Nazaré, em Corumbá (MS).