Cerrado

Pequi vai além da culinária e mostra potencial para cicatrização da pele, aponta estudo mato-grossense

Fruto típico do Cerrado pode ser aliado da medicina com efeitos cicatrizantes, anti-inflamatórios e antimicrobianos

pequi
Foto: Arquivo Pesquisador/Governo do MT

Quando se fala em pequi, o debate é certo: tem quem ame de paixão, e quem não aguente nem o cheiro. Mas uma nova pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), divulgada no domingo (22), pode mudar a forma como o fruto do Cerrado é visto. Cientistas vêm comprovando que o óleo do pequi (Caryocar brasiliense) tem efeitos promissores nos processos de cicatrização e regeneração dos tecidos da pele.

Apesar de o uso do pequi já ser conhecido na medicina popular, os pesquisadores conseguiram comprovar, por meio de experimentos controlados, os benefícios científicos do óleo na regeneração cutânea. Os resultados vão além da cicatrização: o óleo também apresentou propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antimicrobianas e reparadoras

Na prática, os pesquisadores separaram o óleo em três formas: fração hidrofílica, fração lipofílica e óleo bruto. Com isso, criaram quatro grupos experimentais, cada um com cinco animais: um grupo controle, um tratado com a fração hidrofílica, outro com a fração lipofílica e o último com o óleo integral. Cada grupo foi avaliado em três diferentes momentos: no 3º, 7º e 14º dias após a indução da lesão.

Os dados obtidos permitiram uma análise detalhada da ação do pequi na pele. Os pesquisadores observaram desde a evolução visual da cicatrização até o comportamento de células-chave no processo de regeneração, como mastócitos, miofibroblastos e macrófagos. Também foram analisadas proteínas importantes no reparo tecidual, como VEGF, KGF e TGF-beta, que indicam uma resposta eficaz do organismo ao tratamento com o óleo.

O projeto é coordenado pelos professores doutores Sérgio Marcelino de Oliveira e Kallyne Kioko Oliveira Mimura, do Laboratório de Histofisiologia e Reprodução Animal, vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da UFMT. A pesquisa também contribui para a formação acadêmica de estudantes de diferentes níveis, como a mestranda Maria Eduarda Urzeda da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia, e a graduanda em Farmácia Daniele Lisboa Matsunaka.