
A busca por alternativas energéticas sustentáveis tem crescido em todos os setores, e o agronegócio não fica de fora. Nessa linha, a geração distribuída (GD) vem ganhando destaque como solução estratégica para produtores rurais que buscam reduzir custos, aumentar a autonomia energética e contribuir para a sustentabilidade.
No campo, onde o custo da energia elétrica pode representar uma parcela significativa dos gastos de produção, a GD se apresenta como um aliado importante. Seja em pequenas propriedades familiares ou em médios empreendimentos, a possibilidade de gerar a própria energia traz benefícios econômicos e competitivos.
Mas, afinal, o que é a geração distribuída e de qual maneira ela pode ser aliada do agro? A seguir, vamos explorar suas principais fontes, vantagens, desafios e perspectivas para o futuro.
O que é a geração distribuída?
Geração Distribuída é a produção de energia elétrica perto ou no próprio local de consumo, utilizando geradores de pequeno porte, ao invés de depender apenas de grandes usinas centralizadas.
Esse modelo permite que consumidores, incluindo residências, empresas ou fazendas, se tornem produtores de energia, reduzindo custos e a dependência da rede elétrica tradicional por meio de um sistema de compensação de créditos.
Fontes de energia usadas na GD rural
No meio rural, a geração distribuída pode ser viabilizada por diferentes fontes renováveis e até mesmo por resíduos da própria atividade agrícola. Entre as mais utilizadas estão:
1. Energia solar fotovoltaica
A energia solar é atualmente a mais difundida no meio rural devido à queda nos custos dos painéis solares e à alta disponibilidade de radiação solar em grande parte do Brasil. Os sistemas fotovoltaicos podem ser instalados em telhados de galpões, casas, estufas ou mesmo em áreas de solo pouco aproveitadas.
2. Energia eólica
Embora menos comum ao pequeno e médio produtor, a energia eólica pode ser uma alternativa em regiões de ventos constantes, como áreas litorâneas ou chapadas. As turbinas de pequeno porte já permitem geração para autoconsumo em propriedades rurais.
3. Biomassa
O aproveitamento de resíduos da agricultura e pecuária é uma solução estratégica. Restos de colheita, palhada, bagaço de cana, esterco bovino e suinícola podem ser transformados em energia elétrica ou térmica por meio do biogás e da queima controlada de biomassa.
4. Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e micro-hidros
Em propriedades com acesso a cursos d’água perenes, a instalação de pequenas turbinas hidráulicas pode garantir geração contínua e estável, ainda que com custos iniciais mais elevados.
Vantagens da geração própria de energia no campo
A geração distribuída no meio rural oferece ao produtor uma série de benefícios, que vão muito além da simples redução da conta de luz e da menor dependência de usinas centralizadas. Entre os principais benefícios da sua implementação estão:
1. Redução de custos operacionais
A energia elétrica é um insumo essencial para irrigação, resfriamento de leite, climatização de aviários, bombeamento de água, beneficiamento de grãos, entre outras atividades necessárias no campo. Ao gerar a própria energia, o produtor diminui despesas fixas e melhora sua margem de lucro.
2. Previsibilidade e proteção contra reajustes
Com os frequentes aumentos nas tarifas de energia, a GD proporciona previsibilidade de gastos. Isto é, sistemas de geração própria funcionam como um “escudo” contra as variações de preços impostas pelas distribuidoras e pela política energética nacional.
3. Sustentabilidade e valorização da marca
O mercado consumidor está cada vez mais atento às práticas sustentáveis na produção de alimentos. O uso de energia renovável nesse processo pode se tornar um diferencial competitivo, agregando valor ao produto e abrindo portas para novos mercados.
4. Autonomia energética
Em áreas rurais remotas, onde o fornecimento de energia elétrica é instável ou de baixa qualidade, a GD garante maior autonomia, evitando prejuízos com quedas e oscilações.
5. Aproveitamento de recursos locais
O uso de resíduos agropecuários para produção de energia é um exemplo de economia circular no campo, reduzindo impactos ambientais e transformando passivos em ativos energéticos.
Como funciona a compensação de energia elétrica
O principal ponto que torna a GD atrativa no Brasil é o sistema de compensação de energia elétrica, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Funciona da seguinte forma:
- Quando o sistema de geração produz mais energia do que a propriedade consome em determinado momento, o excedente é injetado na rede elétrica.
- Esse crédito energético pode ser usado em meses futuros ou em outras unidades consumidoras vinculadas ao mesmo titular (como diferentes propriedades de um mesmo produtor).
- Em períodos de menor geração, como em dias nublados ou épocas de seca, o produtor pode utilizar esses créditos para abater do consumo da rede.
Essa regra, conhecida popularmente como “net metering”, garante que o investimento em GD seja mais vantajoso, pois maximiza o aproveitamento da energia produzida.
Vale lembrar que o Marco Legal da Geração Distribuída, aprovado em 2022, trouxe mudanças graduais na forma de compensação de energia. Quem já possuía sistema instalado antes da lei tem regras de transição até 2045, enquanto novos sistemas passam a ter condições diferenciadas de compensação conforme os anos avançam.
Desafios e investimentos necessários para adotar GD
Apesar de todas as vantagens, a adoção da geração distribuída no meio rural enfrenta alguns desafios que precisam ser considerados pelo produtor antes da tomada de decisão, tais quais:
1. Investimento inicial elevado
Embora os custos tenham caído nos últimos anos, a implantação de um sistema de GD ainda exige um investimento considerável. O retorno costuma variar entre 3 a 7 anos, dependendo da fonte de energia utilizada, da região e do perfil de consumo da propriedade.
2. Necessidade de planejamento técnico
Cada propriedade tem suas particularidades. É essencial realizar estudos de viabilidade técnica e econômica para definir a melhor fonte de energia, a capacidade do sistema e o modelo de conexão com a rede.
3. Manutenção e assistência técnica
Embora sistemas solares demandem pouca manutenção, outras fontes, como biodigestores e pequenas centrais hidrelétricas, exigem acompanhamento técnico constante. A falta de mão de obra qualificada em algumas regiões pode ser uma barreira.
4. Aspectos regulatórios
As mudanças na legislação da GD podem gerar insegurança para novos investimentos. A compreensão das regras e a previsão de possíveis ajustes tarifários devem fazer parte da análise antes de aderir ao sistema.
Futuro da geração distribuída no setor agrícola
Olhando para o futuro, o cenário é promissor. O Brasil tem uma das maiores incidências solares do mundo, vasto potencial eólico e grande disponibilidade de biomassa. Esses fatores colocam o país em posição estratégica para ampliar a GD no campo.
No médio prazo, espera-se:
- Expansão da energia solar como principal fonte de GD rural, principalmente entre pequenos e médios produtores.
- Maior integração entre agro e bioenergia, com biodigestores transformando resíduos em energia e fertilizantes orgânicos.
- Digitalização e monitoramento remoto, permitindo que produtores acompanhem a performance de seus sistemas de energia em tempo real.
- Novos modelos de negócio, como cooperativas de energia e consórcios entre produtores, que podem compartilhar investimentos e usufruir coletivamente dos benefícios da GD.
- Valorização da sustentabilidade na cadeia do agronegócio, com maior exigência de práticas verdes em exportações e certificações.
O futuro aponta para um campo cada vez mais autossuficiente em energia, competitivo e sustentável. Para o pequeno e médio produtor, a geração distribuída pode ser o diferencial entre sobreviver e prosperar em um mercado cada vez mais desafiador.
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