
A Embrapa Agrobiologia, do Rio de Janeiro, desenvolveu ao longo de décadas um inoculante biológico voltado a espécies florestais leguminosas. O produto amplia o uso de microrganismos na recuperação de solos degradados e tem potencial para impulsionar o mercado de bioinsumos no Brasil.
O inoculante combina duas estirpes de rizóbios capazes de estabelecer uma simbiose eficiente com diversas espécies florestais. Esses microrganismos captam o nitrogênio do ar e o transformam em amônia, enriquecendo o solo, enquanto as plantas fornecem açúcares que garantem sua sobrevivência.
Segundo o pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Sérgio Faria, o uso dessas estirpes elimina uma das principais barreiras à aplicação em larga escala da técnica: a alta especificidade entre bactéria e planta hospedeira.
Evidências de sucesso
A técnica foi aplicada em áreas de mineração de bauxita e ferro na Amazônia e em Minas Gerais, em jazidas de piçarra, no Rio Grande do Norte, e na recuperação de encostas e voçorocas no estado do Rio de Janeiro. Há registros de restauração também na Caatinga e no Cerrado, com resultados consistentes.
Os primeiros sinais de recuperação surgiram após 12 meses, com a vegetação cobrindo o solo e o controle da erosão. Em quatro a cinco anos, as áreas passaram a apresentar aparência de “floresta jovem”. Estudos realizados após dez anos mostraram o retorno da fauna local e a colonização espontânea de mais de 40 novas espécies vegetais.
Além de ser mais barato, o uso desses inoculantes traz impacto ambiental direto. Ao eliminar a necessidade de adubação nitrogenada mineral em viveiros e áreas em processo de restauração, a tecnologia evita perdas de nitrogênio para a atmosfera e para as águas subterrâneas.