Soluções

Instituto desenvolve técnicas inovadoras de prevenção e combate ao fogo no Cerrado

Invento cocriou, com brigadistas e agricultores, cinco ferramentas acessíveis para prevenir e combater o fogo, incluindo sensores, bombas elétricas e travesseiros de água

Instituto desenvolve técnicas inovadoras de prevenção e combate ao fogo no Cerrado
Foto: Oda Scatolini/Divulgação

Diante dos 9,7 milhões de hectares queimados no Cerrado só em 2024, segundo o MapBiomas, um grupo de pesquisadores, brigadistas e agricultores se reuniu em Brasília para cocriar soluções práticas e acessíveis ao avanço dos incêndios florestais, que tendem a se intensificar com a chegada da estiagem na região. A iniciativa, liderada pelo Instituto Invento, resultou no desenvolvimento colaborativo de cinco tecnologias de baixo custo, pensadas junto aos próprios usuários.

Entre as soluções estão bombas costais elétricas recarregáveis, reservatórios de água do tipo “travesseiro”, sensores de solo e clima, acessórios para combater o fogo subterrâneo (de turfa) e um protocolo de redesenho de propriedades resilientes ao fogo. Todas foram desenvolvidas por 25 participantes reunidos em uma oficina de cocriação realizada em maio.

Para o diretor executivo do Instituto Invento, Oda Scatolini, o diferencial está na forma como as soluções são criadas: “A gente identifica as demandas que vêm das comunidades e cria com elas. Não transferimos tecnologia, empoderamos para que elas mesmas desenvolvam os equipamentos.”

As bombas costais elétricas, por exemplo, foram desenvolvidas com materiais simples e baratas, algumas custando menos de R$ 200, e aliviam o esforço físico dos brigadistas, ao mesmo tempo em que otimizam o uso da água. 

Já o “travesseiro de água”, inspirado em modelos industriais usados fora do país, foi adaptado para o transporte e armazenamento em pequenas propriedades, com versões que cabem em carrinho de mão ou caçambas.

Outro destaque é o sensor de monitoramento em tempo real, capaz de medir temperatura, umidade, fumaça e vento. Ele pode acionar alarmes, enviar SMS ou até ativar bombas automaticamente em caso de risco. Com isso, agricultores ganham tempo para reagir aos focos de incêndio.

Durante o encontro, foi desenvolvido um acessório que, acoplado a uma roçadeira comercial, facilita e agiliza a abertura de valas, técnica essencial no combate ao fogo de turfa, um tipo de incêndio subterrâneo especialmente difícil de controlar.

O grupo ainda criou um protocolo para redesenhar propriedades com foco em prevenção, identificando pontos estratégicos como aceros, reservatórios e rotas de fuga. A ideia é fortalecer a preparação das comunidades rurais antes do período crítico.

Agora, o Instituto busca apoio financeiro para transformar os protótipos em produtos replicáveis, que possam ser produzidos por fábricas comunitárias. “Queremos que jovens possam fabricar esses equipamentos e disseminar o conhecimento”, afirma Scatolini.