Controle biológico

Pesquisa brasileira identifica fungos que eliminam agente causador do mofo-branco

Cepas de Trichoderma podem substituir fungicidas químicos no controle da doença que afeta culturas como soja, feijão e algodão

Pesquisa brasileira identifica fungos que eliminam agente causador do mofo-branco
Foto: Sebastião Araújo/Embrapa

Cientistas brasileiros identificaram espécies de fungos do gênero Trichoderma capazes de eliminar completamente os escleródios do Sclerotinia sclerotiorum, fungo causador do mofo-branco, uma das doenças mais prejudiciais a cultivos como soja, feijão e algodão

Os resultados laboratoriais indicam um novo caminho para o controle biológico da doença, tradicionalmente combatida com fungicidas químicos caros e de alto impacto ambiental.

O estudo foi conduzido pela pesquisadora Laísy Bertanha, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com orientação do pesquisador da Embrapa, Wagner Bettiol. A pesquisa identificou cepas de Trichoderma yunnanense e Trichoderma dorotheae capazes de inibir até 100% a germinação do patógeno.

Segundo os pesquisadores, o biocontrole com Trichoderma oferece uma alternativa segura e sustentável ao controle químico, considerando especialmente a resistência do mofo-branco e a longa sobrevivência de seus escleródios no solo

Bertanha destaca que o uso combinado de diferentes cepas pode potencializar a eficácia do controle biológico. A condução da mesma, no entanto, deve ser integrada a outras práticas agrícolas, como a rotação de culturas e o uso de sementes de alta qualidade, para reduzir a presença do patógeno e evitar sua disseminação. 

Durante o estudo, também foram identificadas nove espécies de Trichoderma em áreas de agricultura orgânica, com destaque para o Trichoderma yunnanense, isolado de solos cultivados com feijão irrigado

Bettiol ressalta que a diversidade microbiana do solo é fundamental para sua capacidade de suprimir patógenos, tornando o biocontrole uma ferramenta valiosa para sistemas agrícolas mais equilibrados e resilientes.

O avanço se enquadra do crescimento do mercado de bioinsumos, especialmente no Brasil, que é atualmente o maior consumidor mundial desses produtos. De acordo com dados da Embrapa, o setor cresceu 67% entre 2021 e 2022, impulsionado pela busca por práticas agrícolas mais sustentáveis.

Bettiol destaca que o Brasil lidera o setor graças ao investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento, mas reforça a necessidade de ampliar os esforços, especialmente na criação de biofungicidas para o controle da ferrugem do cafeeiro e da soja, além do desenvolvimento de bioherbicidas.