
Apesar de ainda pouco valorizadas por parte dos produtores, as plantas de cobertura têm um papel estratégico na melhoria da qualidade do solo e na sustentabilidade agrícola. Para comprovar essa importância, estudantes do Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente (PPGAA) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) conduziram uma pesquisa inovadora com foco no cultivo do milho em sistema de semeadura direta.
Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto intitulado “Plantas de cobertura afetando a qualidade do solo e a dinâmica do fósforo em sistema de semeadura direta do milho” foi coordenado pelo professor Valdevan Rosendo e teve como bolsista principal a pesquisadora Dayane Ribeiro.
O estudo, concluído em fevereiro após dois anos de análises, avaliou como diferentes espécies de plantas de cobertura impactam a fertilidade do solo, em especial na dinâmica do fósforo, um dos principais nutrientes para o crescimento das plantas.
De acordo com Dayane Ribeiro, o uso dessas espécies vegetais em sistemas conservacionistas, como a semeadura direta, favorece a proteção contra erosão, o aumento da matéria orgânica e da microbiota, e ainda promove uma ciclagem eficiente de nutrientes, com ganhos para a produtividade e o meio ambiente.
Durante a pesquisa, foram observados resultados como: aumento da biomassa, maior teor de nutrientes nos resíduos da cultura do milho e melhora significativa na estrutura física do solo, com redução da compactação e avanço no desenvolvimento radicular da planta. Entre as espécies testadas, a crotalaria juncea apresentou melhor desempenho, com alta produção de biomassa e extração eficiente de nutrientes, garantindo uma liberação gradual de fósforo no solo.
O professor Valdevan Rosendo chamou atenção para os impactos do manejo convencional, ainda predominante em muitas áreas de Alagoas, baseado em aração e gradagem. Segundo ele, essas práticas provocam degradação física e biológica do solo, além de acelerar a decomposição da matéria orgânica.
“A adoção de plantas de cobertura aliada à semeadura direta é uma estratégia eficaz para reverter esse quadro, promovendo o armazenamento de água, o enriquecimento do solo e o equilíbrio ambiental”, afirmou. Além da redução da necessidade de fertilizantes e das perdas por erosão, a pesquisa reforça que investir em técnicas conservacionistas pode ser o caminho mais eficiente para garantir produtividade a médio e longo prazo, sobretudo em solos tropicais, como os de Alagoas.