Em meio à expansão das lavouras intensivas e mecanizadas, um outro movimento silencioso vem ganhando força no Brasil: a produção orgânica. Segundo levantamento do Observatório do Brasil Orgânico, com base no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, o número de propriedades rurais com certificação orgânica cresceu 150% desde 2013, alcançando 25.178 estabelecimentos até maio de 2025.
O estudo mostra que a região Sul lidera esse avanço, com 8.985 propriedades, o que representa 36% do total nacional. Em seguida vêm o Nordeste (32%), Sudeste (15%), Norte (14%) e Centro-Oeste (3%). Entre os estados, o destaque é o Paraná, que figura como líder absoluto em número de propriedades orgânicas, seguido por Rio Grande do Sul, Pará, Bahia e São Paulo.
Ao G1, Rogério Dias, responsável pela pesquisa, explica que o sucesso paranaense se deve a uma forte política de incentivo à produção orgânica, incluindo uma certificadora pública que já é a terceira maior do país em número de produtores certificados.
A produção vegetal é predominante nas propriedades brasileiras: 16.888 estabelecimentos cultivam hortaliças, frutas, raízes, tubérculos e grãos. A região Sul concentra quase metade (48%) dessas propriedades. Já a produção animal, com 2.571 estabelecimentos, é liderada pelo Nordeste, que concentra impressionantes 73%, com foco em apicultura, bovinocultura e avicultura.
Além disso, 1.426 propriedades trabalham com produção e processamento de alimentos como sucos, café, chocolate e conservas, sendo 50% localizadas no Sul e 29% no Sudeste. Há ainda 141 propriedades com processamento de produtos de origem animal, como mel, carnes, ovos e laticínios, e outras 3.443 propriedades voltadas ao extrativismo sustentável orgânico, especialmente no Norte, que concentra 69% dessas áreas, com itens como açaí, castanha-do-brasil, umbu e erva-mate.
O objetivo do estudo, segundo Dias, é ir além dos números. “O importante não são os números absolutos, e sim as informações sobre como a produção está distribuída, quais os mecanismos utilizados, onde estão os sistemas participativos”, afirmou ao G1. A ideia é construir um atlas da produção orgânica para auxiliar o poder público na formulação de políticas mais eficazes para o setor.