Circuito da Uva

Projeto leva cultivo de uvas ao sertão do Piauí com apoio da pesquisa pública

Com variedades desenvolvidas pela Embrapa, iniciativa busca gerar renda, manter jovens no campo e fortalecer a agricultura familiar

Circuito da Uva
Foto: Maria Catiany/Governo do Piauí

Quando se fala em cultivo de uvas, é comum associar a fruta a climas mais frios e às regiões do Sul do Brasil. Mas, graças às ações do Projeto Profruti – Circuito da Uva, áreas do semiárido piauiense estão mostrando que é possível produzir uvas em pleno sertão.

Nesta semana, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) realizou uma visita técnica aos municípios de Pedro Laurentino e São João do Piauí para acompanhar o avanço do projeto, que aposta na fruticultura como alternativa para diversificar a produção local, gerar renda e estimular a permanência da juventude no campo.

Coordenado por pesquisadores com apoio da Fapepi e executado em parceria com pequenos produtores, o Profruti vem implantando áreas irrigadas com videiras adaptadas ao clima do sertão, apostando em manejo qualificado e assistência técnica contínua.

As principais cultivares utilizadas no projeto foram desenvolvidas pela Embrapa Uva e Vinho: BRS Vitória, BRS Isis e BRS Melodia (sem sementes), além da BRS Núbia (com semente). Todas fazem parte do programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil”, criado para impulsionar o cultivo em regiões de clima tropical.

A coordenadora do programa, pesquisadora Patrícia Ritschel, explicou em nota do governo estadual que as cultivares foram desenvolvidas justamente para atender às condições do Brasil tropical. “Ver o sucesso em regiões como o semiárido do Piauí reforça o potencial da fruticultura como vetor de desenvolvimento regional. Esse é o papel da pesquisa pública: gerar soluções viáveis e acessíveis para diferentes realidades produtivas”, afirmou.

A equipe da Fapepi destaca que o Circuito da Uva integra uma estratégia mais ampla de fortalecimento da agricultura familiar com apoio técnico e científico. O projeto prevê capacitações, intercâmbios entre produtores e distribuição de mudas adaptadas.

Mesmo em solos pedregosos e clima seco, o uso de tecnologias simples como irrigação por gotejamento tem permitido bons resultados, com áreas já apresentando até duas safras por ano.

Financiado com recursos estaduais, o Profruti também busca interiorizar a produção científica e tecnológica no estado. A próxima etapa pretende expandir o modelo para outros municípios.