Política pública eficiente

Estudo da Unesp mostra impacto positivo do Programa ABC na recuperação de pastagens em Minas Gerais

Pesquisa indica que crédito rural voltado à agricultura de baixo carbono contribuiu para reduzir áreas semidegradadas e ampliar pastagens saudáveis no estado

Leitura: 3 Minutos
A imagem representa como a pecuária sustentável pode se beneficiar com o uso de bioinsumos
Foto: Stephan Müller/Pexels

Uma pesquisa conduzida no Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Análise de Políticas Públicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) avaliou os efeitos do Programa ABC (atual RenovAgro) sobre a adoção de práticas sustentáveis em Minas Gerais e mostrou resultados significativos para a pecuária nacional.

O estudo, liderado pelo engenheiro agrônomo Marcelo Odorizzi de Campos e publicado na revista Environmental Development, analisou o período de 2013 a 2020 e constatou que os financiamentos do programa foram eficazes em reduzir áreas de pastagens semidegradadas e ampliar pastagens saudáveis no estado.

O Programa ABC integra o Plano ABC, política do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) voltada à promoção da agricultura de baixo carbono. Seu foco vai além da recuperação de pastagens degradadas, incluindo também incentivo à integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), ao plantio direto, à fixação biológica de nitrogênio, à silvicultura e ao tratamento de dejetos animais.

Segundo o levantamento, os municípios mineiros que acessaram o crédito do Programa concentravam em média 16,5% das pastagens degradadas do estado, contra 9,6% dos que não receberam recursos. Além disso, essas regiões registraram maior redução das áreas comprometidas.

Outro achado relevante foi a relação com o tamanho dos rebanhos: nas cidades que utilizaram o crédito, havia em média 58,8 cabeças de gado por produtor, contra 34,9 nos municípios sem acesso aos recursos.

Os dados do MapBiomas reforçam os resultados: entre 2013 e 2020, Minas Gerais registrou redução de mais de 40% nas áreas semidegradadas e crescimento de 13,4% nas pastagens saudáveis. Embora não tenha havido alteração estatisticamente relevante no total de áreas totalmente degradadas, os indicadores mostram avanço consistente na qualidade das pastagens.

A importância das pastagens para a pecuária brasileira

O tema ganha relevância diante do peso da pecuária brasileira. Em 2024, o rebanho bovino nacional alcançou 238,6 milhões de cabeças, com 90% dos animais criados em pastagens – uma das formas mais baratas de alimentação. O país destina cerca de 160 milhões de hectares a pastos, mas mais de 100 milhões de hectares apresentam algum grau de degradação, área superior à soma da soja, milho e cana-de-açúcar.

A recuperação dessas áreas é considerada estratégica para a produtividade e a sustentabilidade do setor, além de estar no centro dos compromissos climáticos do Brasil no âmbito do Acordo de Paris. Políticas públicas como o Plano Safra, o Pronaf e o recente Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Áreas Agrícolas Sustentáveis (PNCPD), lançado em 2023, reforçam esse direcionamento.

Ao demonstrar o impacto do crédito direcionado, o estudo da Unesp evidencia como políticas públicas bem estruturadas podem acelerar a transição para uma pecuária mais eficiente, sustentável e alinhada às exigências globais por menor impacto ambiental.

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