Atualização da ferramenta, criada pela Embrapa, RenovaCalc fortalece o setor de biocombústiveis.
Foto: Wenderson Araujo/Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

O Brasil deu mais um passo na liderança mundial em biocombustíveis sustentáveis com a atualização da RenovaCalc, desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente, com apoio da Finep e da Faped. A ferramenta calcula a pegada de carbono dos combustíveis renováveis no país.

A nova versão amplia as matérias-primas analisadas e adota parâmetros compatíveis com os principais padrões internacionais, como o CORSIA, da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI).

A RenovaCalc é usada dentro da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) para certificar produtores e calcular o número de créditos de descarbonização (CBIOs) que cada empresa pode emitir, o que transforma a sustentabilidade em valor econômico.

Mais precisão nos cálculos

O novo módulo HEFA (Hydroprocessed Esters and Fatty Acids) permite calcular a intensidade de carbono dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), produzidos a partir de óleos vegetais e gorduras residuais.

Antes, o sistema considerava apenas a soja como base de cálculo; agora, inclui também o óleo de palma, tornando a análise mais representativa da diversidade agrícola brasileira.

Segundo a pesquisadora Marília Folegatti, da Embrapa Meio Ambiente, “essa atualização torna os resultados da RenovaCalc comparáveis aos de ferramentas internacionais, fortalecendo a credibilidade dos biocombustíveis brasileiros no mercado global”.

Novas oportunidades no setor

A atualização da RenovaCalc aproxima o Brasil dos padrões de certificação adotados por outros países, especialmente no setor aéreo, que busca reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com o professor Edgar Silveira, da UnB, “cada aprimoramento da RenovaCalc busca alinhar-se aos referenciais internacionais de sustentabilidade, sem perder as particularidades da matriz energética brasileira”.

Esse alinhamento é estratégico para abrir novos mercados de exportação, permitindo que os biocombustíveis certificados pela RenovaBio atendam às exigências de países e companhias aéreas que já seguem o CORSIA. O programa internacional exige que empresas neutralizem suas emissões de CO₂ com o uso de combustíveis sustentáveis — um campo em que o Brasil tem grande potencial competitivo.

As melhorias na RenovaCalc também devem beneficiar outros combustíveis renováveis, como etanol, biodiesel e biogás, ampliando o alcance da política nacional de descarbonização. Segundo os pesquisadores, o avanço representa um marco na maturidade técnica da RenovaBio, reconhecida como uma das políticas ambientais mais abrangentes do mundo.